A Record demitiu a repórter Ana Luiza, que trabalhava para o mercado financeiro. Ana foi descarada demais ao recortar trecho de entrevista que fez com Lula e antecipar o conteúdo para os abutres da Faria Lima.
A jornalista deveria fazer o que seus colegas amigos ou serviçais do mercado fazem há muito tempo, na grande mídia, e ser mais discreta. Deveria ficar na moita.
Tem gente trabalhando para o mercado financeiro, como porta-voz de bancos, financeiras e milicianos do rentismo, e não dá nada. Nunca deu.
Mas são péssimos colegas. Nenhum dos jornalistas que tentam sabotar o governo saiu em socorro da repórter que vendia informações privilegiadas.
Há divisão até nas facções do jornalismo que trabalhou pelo golpe de 2016 contra Dilma, pelo lavajatismo e pelo encarceramento de Lula.
Ana Luiza sabe quem são eles. Nós sabemos. A extrema direita tem um time de peso na grande mídia.
Eles não trabalham só para o mercado financeiro. Trabalham muito para o bolsonarismo, sob o disfarce de que são liberais. São piores do que a repórter demitida.
Eles são comentaristas, não são repórteres. Se as corporações de mídia decidissem mandá-los embora, não sobraria nem aquele da Academia Brasileira de Letras.
Mas essa turma presta bons serviços aos patrões que gostam de jogar e acenar para a extrema direita. De vez em quando, como aconteceu com Wlliam Waack e suas falas racistas, alguém tem que ir para o sacrifício.
Risinhos
A Globo cobriu a convenção do fascista Donald Trump como uma festa da democracia. É a festa da extrema direita que odeia e conspira contra a democracia.
Só faltou os repórteres carregarem bandeirinha e usarem esparadrapo na orelha.
Já a cobertura da eleição na Venezuela apresenta Maduro como um ditador, como sempre fizeram.
Mas poderiam ser menos eufóricos no engajamento à alucinação do fascismo republicano.
Nunca se viu tantos repórteres sorrindo tanto na cobertura de um evento político.
7 A 1
Está provado, pela propagação de memes que carimbam Haddad de Taxadão e Taxad, que a extrema direita dá um baile nas esquerdas nessa área do escracho político virtual.
Enquanto eles festejam nas redes o sucesso do deboche com Haddad, as esquerdas continuam espalhando a caricatura de Trump com a orelha do Van Gogh e se achando engraçadas.
As esquerdas fazem um humor político antigo e inofensivo, com as sacadas e os recursos do século 20. Se não admitirem, só fica pior.
*João Silva é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).
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