Na semana passada, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), aproveitou duas agendas públicas para criticar o governo federal, por demorar em repassar recursos para a reconstrução do estado, atingido por um volume de chuva histórico e que deixou boa parte do estado debaixo d’água por mais de um mês.

No entanto, o montante gasto pelo governo estadual com o auxílio às famílias que perderam suas casas devido às inundações é 20 vezes menor do que o empenhado pela União até o momento.

Até o momento, foram repassados mais de R$ 19 bilhões em recursos para os gaúchos. Por meio do Auxílio Reconstrução, quase 300 mil famílias recebem desde maio R$ 5.100 do governo federal, totalizando R$ 1,4 bilhão.

O governo do Rio Grande do Sul paga R$ 2 mil famílias, montante que totaliza R$ 73 milhões.

Declarações

Mas o governador, sem citar números, tenta fazer parecer que o volume de recursos destinados ao estado seriam comparáveis, justamente a públicos que, rotineiramente, tendem a não apoiar a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No dia 15, em encontro com empresários, Leite lamentou que boa parte dos recursos são concentrados na União e que os repasses de Brasília não foram suficientes para atender as demandas do estado.

“Nós ficamos esperando. Porque se, afinal, viria um anúncio… nós não colocaríamos um recurso nosso porque não faltariam outros lugares para colocarmos os recursos do estado. Mas nós cansamos de esperar e estamos colocando os recursos do estado para ajudar”, afirmou Leite.

Já no dia 19, em evento com agricultores, as cobranças e críticas de Leite foram ainda mais diretas. O governador afirmou que a ajuda da União está muito distante das necessidades do povo gaúcho, acusou o governo de fazer propaganda em cima dos repasses.

“Tem uma coisa pior que não dar nada e não responder [às reivindicações]: é não dar nada, não responder e ainda tentar fazer crer que estão fazendo muito”, apontou o psdbista.

Resposta

O deputado estadual Adão Pretto Filho (PT) rebateu as críticas de Eduardo Leite. “Não podemos aceitar posicionamentos como os do governador Eduardo Leite, que muito pouco tem feito pelos gaúchos. O esforço do presidente Lula é inédito no amparo a um Estado, mas parece que para o atual chefe do executivo estadual, nunca é o suficiente”.

Além do Auxílio Reconstrução, o governo federal também disponibilizou R$ 250 milhões em linhas de crédito para os empreendedores por meio do Pronampe, além do auxílio manutenção de emprego, que repassou R$ 113 milhões para mais de 76 mil trabalhadores.

Relembre

Ao responsabilizar o governo federal pela demora em repassar 80% do anunciado para o estado, Leite se esquece de relembrar a própria responsabilidade na prevenção das enchentes. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o governador reconheceu que recebeu muitos alertas e estudos sobre a possibilidade da elevação do nível dos rios e, consequentemente, das grandes enchentes no Rio Grande do Sul.

A prioridade do governo, porém, era a questão fiscal.

“Bom, você tem esses estudos, eles de alguma forma alertam, mas o governo também vive outras pautas e agendas. A gente entra aqui no governo e o estado estava sem conseguir pagar salário, sem conseguir pagar hospitais, sem conseguir pagar os municípios. A agenda que se impunha ao estado era aquela especialmente aquela vinculada ao restabelecimento da capacidade fiscal do estado para poder trabalhar nas pautas básicas de prestação de serviços à sociedade gaúcha”, disse o governador.

Vale lembrar, no entanto, que apenas no segundo semestre do ano passado, o estado enfrentou três enchentes, que causaram prejuízos dos quais muitos cidadãos não tinham se recuperado ainda.

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Última Atualização: 22/07/2024