Kamala Harris, Donald Trump e Joe Biden. Foto: reprodução

Nesta segunda-feira (22), a economista Ana Costa foi às redes sociais para comentar a desistência do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de concorrer à reeleição. Segundo Costa, a saída do democrata da corrida presidencial reabre a disputa pela Casa Branca, que já parecia estar sob controle do ex-presidente Donald Trump:

Há algumas semanas vinha dizendo que a retirada de cena de Biden era fundamental para que os Democratas mantivessem os caminhos abertos nas corridas para a Casa Branca e o Congresso.

A nomeação de JD Vance como vice e a parafernália da convenção do Partido Republicano haviam reposto os holofotes em Trump em momento delicadíssimo.

Ao contrário do que diziam nas “análises” brasileiras, enfatizei que o campo ainda estava muito aberto, mas que a janela iria se fechar caso permanecessem na inércia, perpetuando o impasse entre Biden e a cúpula do partido. Alertei que a cúpula Democrata estava ciente de que a coalizão que elegeu Biden em 2020—a inusitada união entre distintas camadas da sociedade—estava prestes a ruir.

Por outro lado, argumentei que os Democratas teriam uma oportunidade única logo que terminasse a convenção do Partido Republicano: caso Biden anunciasse sua saída no último domingo, os Democratas voltariam a dominar o noticiário por um bom motivo. Enfatizei que precisavam disso para retirar de Trump-Vance o controle da narrativa política.

Foi o que aconteceu, sob a influência e liderança de Nancy Pelosi, o nome mais influente do Partido Democrata e o pesadelo de Trump desde que ele ocupou a Casa Branca.

Ao sair e passar o bastão para Kamala Harris, Biden preserva o seu legado político de várias décadas, entrega o Partido para uma nova geração, e reabre completamente o jogo, tirando de Trump o controle que parecia ter conquistado.

Timing é tudo em matéria de política. O atentado contra Trump já está de lado, a novidade da convenção Republicana é notícia velha.

Fatos políticos mudam rapidamente com o fato histórico da saída de Biden, como assistiremos nas próximas semanas.

Os Republicanos agora jogam com um Rei coroado em franco desgaste e com o engodo que é Vance. Dois homens tentando reanimar uma narrativa de retrocessos tendo como alvo de suas investidas as mulheres e as minorias.

Para vencer precisam conquistar eleitores fora da base MAGA que encabeçam.

O outro lado, Kamala Harris recém-endossada por Biden (e apoiada por Pelosi) surge em cena como a ex-promotora de língua afiada—uma mulher não-branca com características semelhantes às da esposa de Vance.

Ela personaliza a narrativa da luta contra os retrocessos de Trump e do Projeto 2025 abraçado por Vance.

Mais que isso…

Harris reinjeta a dose de entusiasmo necessária entre um eleitorado que gosta de Biden, mas reconhece sua fragilidade.

Sem entusiasmo não se vence uma eleição tão polarizada.

Com entusiasmo, os esforços de Stacey Abrams e outros para reconstruir a coalizão de 2020 renderão bastante.

Tenho 2 “calls”:

1. Harris será a nomeada, inclusive para garantir a saída honrosa de Biden.

2. A aula de política e de timing político dos Democratas nesse último domingo muda o jogo e merece destaque especial. No ato, comunicam a unidade partidária, a sanha por vencer, a renovação do Partido, e a ousadia de rechaçar o que poderia ter sido um engessamento desastroso.

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Última Atualização: 22/07/2024