O ministro da Economia da Argentina, Luís Caputo, admitiu que o governo transferiu ouro das reservas do Banco Central para o exterior. “É um movimento extremamente positivo do Banco Central, pois hoje temos ouro que é como se fosse um imóvel: ele fica ali e não pode ser usado de forma alguma”, explicou Caputo ao canal La Nación+.
Segundo o membro do governo de extrema direita de Javier Milei, manter o ouro no exterior permite ao país maximizar o retorno de seus ativos, algo que não é possível com o metal parado no Banco Central.
Embora Caputo não tenha especificado o destino ou a quantidade de ouro transportada, a imprensa local estimou que as operações envolveram cerca de US$ 450 milhões (R$ 2,5 bilhões). A especulação sobre a movimentação do ouro ganhou força quando o deputado Sérgio Palazzo alertou sobre o envio de ouro argentino para o exterior, solicitando informações detalhadas ao governo.
“Dadas as versões circulantes relacionadas à saída de ouro das reservas do BCRA com destino ao exterior, apoio a solicitação de informação pública, clara, precisa, completa e detalhada, feita ao presidente do BCRA”, escreveu Palazzo em sua conta no X, antigo Twitter.
Ele pediu esclarecimentos sobre movimentações de ouro nos dias 7 e 28 de junho, questionando se o Banco Central transportou o metal com a empresa Lumil até o aeroporto e se ele foi enviado em um voo da British Airways para Londres. O governo tem 15 dias para responder formalmente.
A Argentina possui aproximadamente US$ 4,6 bilhões em ouro, segundo o Banco Central. A maior parte do material está guardada no país, enquanto outra parcela está distribuída em instituições bancárias no Reino Unido e na Suíça. Em 2017, o então presidente do Banco Central, Federico Sturzenegger, transferiu cerca de US$ 450 milhões em ouro para gerar rentabilidade.
Tanto Caputo quanto Sturzenegger, hoje ministro da Desregulação e Transformação do Estado, integraram o governo de Mauricio Macri e atualmente fazem parte do gabinete de Javier Milei. Especialistas criticaram a decisão de retirar o ouro, interpretando-a como um sinal de dificuldade do governo Milei em acumular reservas.