O ministro da Fazenda do governo Lula, Fernando Haddad, anunciou, na última quinta-feira (18), o seu compromisso para atingir a famosa “meta fiscal”. Ele disse: “vamos ter que fazer uma contenção de R$15 bilhões para manter o ritmo do cumprimento do arcabouço fiscal até o final do ano.

Ao ouvir tais palavras, a burguesia não conseguiu conter sua satisfação. Um dos principais órgãos da imprensa capitalista, o jornal O Estado de S. Paulo, conhecido por suas posições direitistas e pró-imperialistas, publicou editorial intitulado Haddad ganha uma. O jornal da burguesia parabeniza Haddad. O ministro “conseguiu uma vitória e tanto nesta semana”, afirma a publicação. 

Foi, sem dúvida, uma vitória, não do governo Lula, nem dos trabalhadores em geral, mas dos banqueiros, dos especuladores financeiros, das aves de rapina internacionais e nacionais que assaltam o orçamento público do País. Haddad, mais uma vez, se colocou na posição de guardião dos interesses do dito “mercado”, de executor disciplinado da política neoliberal defendida pelo grande capital. 

O anúncio da contenção de gastos públicos é mais uma das medidas impopulares que Haddad vem se especializando em defender. Recentemente, o chefe da pasta econômica do governo se esforçou para emplacar a taxa sobre os produtos chineses, uma medida que não teria mais efeito do que gerar a insatisfação de amplos setores da classe média com o governo Lula. Por conta de sua defesa da taxação, Haddad se tornou chacota na Internet ― virou “Taxad” nas redes sociais. Trata-se de uma expressão superficial, embora real, do repúdio que sua medida gerou entre amplas camadas da população.

Enquanto Haddad despertou a revolta da classe média direitista, que é contra o aumento de impostos, e de parte da base do PT, que percebe que a carga tributária aumenta sem nenhuma contrapartida real para a população, a burguesia diz: “muito bem, Haddad”.

O governo Lula, eleito sobretudo em razão da mobilização dos trabalhadores, é quem levará o maior prejuízo em tudo isso. Deixar o Ministério da Fazenda, a pasta responsável pela política econômica do governo, nas mãos de alguém tão comprometido com a política neoliberal é atirar no próprio pé. É uma política que coloca o governo num beco sem saída, assim como aconteceu com a escolha de Jean-Paul Prates, uma figura inclinada a atender aos interesses das petroleiras estrangeiras, para a diretoria da Petrobrás. Mesmo que o objetivo fosse fazer concessões ao “mercado”, Lula teria de colocar alguém capaz de defender os interesses do governo frente a seus inimigos, alguém que facilite a vida do governo nas negociações com os seus inimigos na Bolsa de Valores. Na prática, porém, Haddad atua como elemento de pressão contra o governo, como um defensor dos interesses do “mercado” contra os interesses do governo.

Um Ministério da Fazenda mais preocupado em garantir os lucros e o parasitismo dos banqueiros e especuladores é um Ministério da Fazenda inimigo do povo. Haddad e sua política são um problema cuja solução determina, em grande medida, o destino do governo Lula. 

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Última Atualização: 21/07/2024