O governo Lula cometeu um erro colossal no dia 7 de outubro ao condenar a operação Dilúvio de al-Aqsa, um dos dias mais gloriosos da história da humanidade, como um “ataque terrorista”. Isso porque é impossível que um povo oprimido pratique o terrorismo. Por definição, isso é algo feito pelos opressores, pelo Estado. “Israel” nesse sentido é campeão mundial do terrorismo, os palestinos, portanto uma das maiores forças antiterroristas do planeta.
Essa tese em si não é revolucionária, e, portanto, não seria absurdo que Lula se posicionasse de outra forma. Pelas convenções internacionais, os povos ocupados têm o direito a lutar de qualquer maneira necessária, inclusive de armas na mão. São várias as convenções internacionais que estabelecem essa regra. A principal delas é a resolução 38.17 da Assembleia Geral da ONU. Mas uma ainda mais interessante para essa questão é a Convenção da Organização da Unidade Africana e Combate ao Terrorismo de 1999:
“A luta travada pelos povos segundo os princípios do direito internacional por sua libertação ou autodeterminação, incluindo a luta armada contra o colonialismo, ocupação, agressão e dominação por forças estrangeiras, não será considerada como atos terroristas”
Os africanos lutaram por décadas de armas na mão contra os colonizadores europeus e, portanto, entendem bem o que os movimentos de libertação nacional são os primeiros a serem taxados de terroristas. Por isso usaram essa clausula muito clara em sua convenção. Cinco anos antes de 1999, o FPR de Ruanda, um grupo armado de tutsi derrubou o governo genocida apoiado pelos franceses. Pela condenação atual do Hamas, o FPR seria considerado terrorista e o governo dos generais Hutis seria a democracia apoiada pela França. Os paralelos são enormes.
Ao mesmo tempo das chamadas organizações terroristas, as que de fato não são um grande problema para as nações oprimidas são aquelas financiadas pelo imperialismo. No âmbito islâmico há o Boko Haram e o Estado Islâmico, ambas ligadas diretamente à CIA e ao Mossad. O grupo que pratica atentados no Irã é o MEK, também ligado à CIA. Na Rússia o atentado contra o teatro Crocus foi organizado também por um grupo ligado ao imperialismo. O “terrorismo tradicional”, portanto é feito também pelo próprio imperialismo. O interessante é que as organizações de libertação nacional de hoje quase não realizam esse tipo de operação.
O Hezbollah, o Hamas, o Iêmen, a resistência iraquiana e todo o Eixo da Resistência são organizações que lutam contra o imperialismo, ou seja, lutam contra os verdadeiros terroristas: os Estados Unidos, a Inglaterra, a França, a Alemanha e todos os demais países que oprimem todos os povos do mundo.