A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) emitiu um alerta epidemiológico sobre a identificação de possíveis casos de transmissão do vírus da febre oropouche da mãe para o bebê durante a gestação.
O alerta recomenda o reforço da vigilância, diante da possível ocorrência de casos similares em outros países com a circulação do oropouche e outros arbovírus. Os casos ainda estão sob investigação.
O vírus é transmitido principalmente pela picada do mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, presente tanto em áreas silvestres como urbanas. O mosquito Culex quinquefasciatus também pode ocasionalmente transmitir o vírus.
O nome da febre deriva da região do rio Oropouche, em Trinidad e Tobago, onde o vírus foi detectado pela primeira vez, em 1955. Desde então, têm sido documentados surtos esporádicos em vários países das Américas, inclusive Brasil, Equador, Guiana Francesa, Panamá e Peru. Recentemente, foi observado um aumento da detecção de casos na região.
A identificação de suspeitas de transmissão do vírus da gestante para o bebê ocorre no contexto desse aumento de casos notificados, segundo a Opas.
Mortes de fetos em investigação
De acordo com a organização, num caso recente, uma gestante residente em Pernambuco apresentou sintomas de oropouche durante a 30ª semana de gestação. Após a confirmação laboratorial da infecção, foi constatada a morte do feto. Um segundo caso suspeito foi relatado no mesmo estado: sintomas semelhantes foram observados numa gestante, resultando em aborto espontâneo.
“A possível transmissão vertical e as consequências para o feto ainda estão sendo investigadas”, diz a Opas no alerta epidemiológico. “No entanto, esta informação é compartilhada com os Estados-membros para torná-los cientes da situação e, ao mesmo tempo, solicitar que estejam alertas para a possível ocorrência de eventos semelhantes em seus territórios”, acrescenta.
Sintomas da febre oropouche
Os sintomas da doença incluem febre repentina, dor de cabeça, rigidez nas articulações, dores no corpo e, em alguns casos, fotofobia, náusea e vômito persistente, que podem durar de cinco a sete dias. Embora a apresentação clínica grave seja rara, ela pode evoluir para meningite asséptica. A recuperação total pode levar várias semanas.
Para controlar o oropouche, a Opas pede aos países da região que implementem medidas de prevenção e controle de vetores, incluindo fortalecimento da vigilância entomológica, redução das populações de mosquitos e outros insetos transmissores, e educação da população sobre medidas de proteção pessoal, especialmente de mulheres grávidas, para evitar picadas.
As medidas recomendadas incluem: proteger as residências com redes de malha fina em portas e janelas; usar roupas que cubram pernas e braços, especialmente em residências onde haja doentes; aplicar repelentes que contenham DEET, IR3535 ou icaridina; e usar mosquiteiros em camas ou móveis destinados ao descanso.