Nilze Carvalho estreou aos 11 anos, com uma coleção de quatro volumes chamada Choro de Menina, lançada entre 1981 e 1984. Ela toca no bandolim alguns clássicos do choro, e o primeiro da série contou com a participação do emblemático grupo Época de Ouro.
A cantora, compositora e cavaquinhista é uma das artistas da chamada geração da Lapa, no Rio de Janeiro, do início dos anos 2000. Integrou o Sururu na Roda por quase 15 anos, grupo com o qual lançou cinco CDs e dois DVDs.
Agora, chega ao seu décimo álbum solo, que celebra seus 45 anos de carreira. “Gosto muito de fazer regravação”, diz ela, que trouxe quatro composições próprias e novas versões de músicas escolhidas cuidadosamente para o repertório, no qual canta e toca cavaquinho e bandolim.
Com o nome de Nos Combates da Vida, o disco tem 13 faixas. Nilze assina como produtora musical, com a co-produção do baixista Zé Luis Maia. Nesta sexta-feira 19, às 19h30, no Teatro Rival Petrobras, no centro do Rio de Janeiro, Nilze lança seu novo trabalho.
O disco, já disponível nas plataformas digitais de música, começa com Nos Combates desta Vida (D. Ivone Lara e Délcio Carvalho). “De uns 20 anos para cá, todo disco meu tem uma música dela”, conta. “É uma das figuras da maior importância da música brasileira, e tem esse peso que ela carrega de ter aberto espaço para o feminino, além da enorme qualidade musical.”
Na sequência, vem a inédita Amor Segredo, de Nilze Carvalho com a maior referência atual do samba no País, Nei Lopes. Depois, vêm as músicas Menina Miúda, da jovem Lili Figueiredo, e É de Manhã, de Caetano Veloso. “Sempre gostei, mas nunca tinha gravado essa do Caetano.”
A quinta faixa, Nas Minhas Mãos, é uma composição de Nilze Carvalho e Zeca Leal, gravada pela primeira vez pelo grupo feminino Moça Prosa.
Depois, a cantora e compositora grava outra mulher sambista que admira: Leci Brandão. Nilze faz um pot-pourri com Isso é Fundo de Quintal, de Leci com Zé Maurício, e Zé do Caroço, de Leci.
“Guerreira. Resolvi colocar essas duas músicas porque são muito emblemáticas. Zé do Caroço é um hino.”
O disco prossegue com Será que é Amor? (Arlindo Cruz, Babi, Junior Dom) e o choro Arabiando (Esmeraldino Sales). “Não consigo me desligar do choro. Arabiando comecei tocando há pouco tempo. Choro lindo, todo perfeito.”
Na nona faixa, Boca a Boca, de Nilze Carvalho e Cristino Ricardo (seu pai), um xote gravado na época em que fazia parte do Sururu na Roda.
Em seguida, Linha de Passe, de João Bosco (que participa da gravação do disco), Aldir Blanc e Paulo Emilio.
O álbum continua com Vida ao Jongo (Lazir Sinval) e Água de Nascente, dela com o irmão Silvio Carvalho – esta também inédita.
Para encerrar, Candeeiro, de Teresa Cristina, que participa da gravação.
“É uma música dela que remete aos anos 2000. Tinha passado um tempo fora do Brasil e retornei nessa efervescência da Lapa, que estava ressurgindo. Tive contato com a Teresa ali, em um show em que cantava Candeeiro.”
Ela relembra que, depois de muito tempo, passou pelas ruas da Lapa após participar de uma roda de samba. Nilze Carvalho é uma das personagens que ajudaram a revitalizar a região, que se tornou por um período um local de referência do samba e do choro no País.
“Não existe mais aquela Lapa. É outra coisa. Já passou. Aquilo que a gente fez, quem viu, viu. Quem não viu…”, diz. “Tenho um pouquinho de saudade, mas não fico nessa nostalgia.”
Ainda sobre o álbum, ela afirma ser “de celebração de estar aqui, vivo, depois desses tempos horrorosos que a gente passou”.
“Sou uma artista independente, não tenho gravadora, patrocínio. Faço meus discos da maneira que posso fazer e da maneira que quero fazer. Mas também gosto de fazer. Faço sempre com a sensação que dei o meu melhor”, completa.