A defesa do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta um racha no inquérito sobre a venda ilegal de joias recebidas da ditadura saudita. O conflito ocorre entre Carlos Eduardo e Luís Henrique, com acusações de traição envolvidas, conforme informações do UOL.
Carlos Eduardo é acusado de vazar detalhes da investigação para a mídia, usar o caso das joias para sua própria promoção e abusar de suas prerrogativas como advogado da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Uma conversa no WhatsApp, divulgada pelo ministro Alexandre de Moraes, revela que Luís Henrique acusou Carlos Eduardo, ex-chefe da Secom (Secretaria de Comunicação) no governo Lula, de “atirar nas costas” do ex-mandatário.
Mensagens interceptadas pela PF mostram que no dia 7 de março de 2023, Lula enviou trechos de um acórdão do TCU (Tribunal de Contas da União) a Luís Henrique e questionou, em um áudio pelo WhatsApp, sobre a possibilidade de manter as joias recebidas da Arábia Saudita.
Na ocasião, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Lula, havia afirmado que o ex-presidente recebeu pessoalmente um segundo kit de joias de uma comitiva liderada pelo ex-ministro Bento Albuquerque.
Lula pediu a Luís Henrique que analisasse o material, dizendo: “Você [Luís Henrique] que é advogado aí, dá uma olhada nisso aí. Nós sublinhamos aí um? pintamos de amarelo alguma coisa. Pelo que tudo indica, nós temos o direito de ficar com o material. Dá uma olhada aí”.
Após esse contato, houve pelo menos sete ligações entre Lula e Luís Henrique, além da troca de várias versões de uma nota de defesa para definir o texto final.
Vale destacar que, oficialmente, Luís Henrique representa Lula apenas em uma ação no STJ, movida pela OAB em favor de Zanone Manuel de Oliveira Júnior, ex-advogado de Adélio Bispo, que tentou assassinar o ex-chefe do Executivo.
Durante as conversas com Lula, Luís Henrique também manteve diálogo com Carlos Eduardo, e os dois discordaram sobre a estratégia de defesa. Luís Henrique criticou Carlos Eduardo por não ter incluído seu nome na nota de defesa e pela falta de divulgação da nota na imprensa.
Em uma conversa com Mauro Cid, Carlos Eduardo criticou Luís Henrique e Marcelo Câmara, que era assessor pessoal de Lula, dizendo que eles “contaminavam tudo”. Naquele momento, estavam organizando a recuperação dos itens do kit de joias em ouro branco que Lula havia recebido e que foram vendidos em 2022.
Luís Henrique alegou à PF que a operação para recomprar um relógio Rolex partiu de Carlos Eduardo, que teria prometido reembolsar o valor da recompra. A corporação, por sua vez, identificou que Carlos Eduardo estava envolvido na recuperação do kit “ouro rosé”, enquanto Luís Henrique cuidava da recompra do Rolex nos EUA.
Ao final do inquérito, os dois advogados foram indiciados por associação criminosa e lavagem de dinheiro. Agora, a PGR (Procuradoria-Geral da República) deve revisar as evidências e decidir sobre possíveis denúncias.
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