Embora tenham perdido as eleições, os neoliberais mantêm um grande poder econômico e continuam orientando as narrativas da mídia neoliberal, que neste momento (lideradas pela Organização Globo da riquíssima família Marinho) dedica-se a mais uma ardilosa campanha reacionária pressionando o governo por uma nova “reforma” da Previdência com o objetivo de reduzir direitos de trabalhadores e trabalhadoras aposentados e ampliar os retrocessos embutidos nas mudanças promovidas durante o governo presidido pelo neofascista Jair Bolsonaro.

“Passados cinco anos da última reforma da Previdência, está clara a urgência de outra”, proclamou O Globo, em um de uma série de editoriais que publicou sobre o tema ao longo deste mês. “É preciso examinar pontos que passaram por correções suaves ou não foram alterados. É o caso da diferença na idade de aposentadoria de homens e mulheres, dos regimes especiais de servidores públicos, da aposentadoria rural ou dos benefícios assistenciais. A indexação de reajustes ao salário mínimo — que consumirá com o tempo todos os ganhos fiscais da última reforma — contribuiu para chamar a atenção para os desequilíbrios previdenciários. Mas, em razão da inexorável realidade demográfica, eles são maiores e mais profundos”, sustenta o editorialista, reproduzindo a opinião e os interesses dos bilionários donos do veículo.

Como é praxe em tais narrativas, critica-se as políticas progressistas do governo Lula, implementadas com o objetivo de reverter os retrocessos impostos ao país desde o golpe de 2016, carregando nas tintas sobre seus impactos no orçamento público, ao mesmo tempo em que os efeitos deletérios da política monetária, ou mais precisamente dos juros estratosféricos impostos pelo Banco Central, são deliberadamente ignorados.

O jornal da alta burguesia propõe aumentar a idade mínima para aposentadoria das mulheres (de 62 para 65 anos), abolir as aposentadorias dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, aumentar a contribuição dos servidores públicos (mantendo o aberrante desconto sobre a remuneração dos funcionários aposentados) e desindexar o reajuste das aposentadorias e programas sociais (destacadamente o BPC) do salário mínimo.

O pretexto sempre requentado é um fetiche: o equilíbrio das contas públicas e o badalado objeto do déficit primário zero. “O déficit zero serve como elemento de pressão do mercado financeiro e da mídia burguesa, que insistentemente cobram do Governo cortar gastos e reduzir os investimentos sociais”, denuncia o presidente da CTB, Adilson Araújo.

“Ao contrário disto, defendemos o corte substancial das taxas de juros, a reestruturação da dívida pública e a redução das despesas financeiras. Como complemento, lutamos por uma reforma tributária que institua a taxação das grandes fortunas, dos dividendos e das remessas de lucros ao exterior pelas multinacionais”, argumenta o sindicalista.

Em artigo publicado neste Portal, Araújo afirma, com base em informações oficiais, que no ano passado os recursos do governo federal canalizados para o pagamento dos juros superou as despesas somadas de três ministérios, precisamente aqueles dedicados à saúde, educação e desenvolvimento social.

O Ministério da Saúde consumiu R$ 170,26 bilhões em 2023, enquanto os Ministérios da Educação e do Desenvolvimento Social, respectivamente, gastaram R$ 142,57 bilhões e R$ 265,291 bilhões.

No total, as despesas dos três ministérios totalizaram R$ 578,13 bilhões. Já o pagamento de juros da dívida pública do Governo Central somaram R$ 614,55 bilhões no mesmo ano, com avanço significativo em relação a 2022, quando os juros subtraíram R$ 503 bilhões do orçamento da União.

“Devemos cortar na carne dos ricos e não mais na dos trabalhadores e trabalhadoras que sobrevivem com grandes dificuldades e enfrentam graves problemas de saúde e carência de assistência social. Queremos um Brasil onde predomine o bem estar social”, concluiu.

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Última Atualização: 18/07/2024