Os casos de violência de gênero acentuaram no Brasil em 2023 em comparação com o ano anterior. É o que revela o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, divulgado nesta quinta-feira 18 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O documento, que reúne dados fornecidos pelas autoridades estaduais, pelas polícias civis e militares, e pela Polícia Federal, entre outras fontes oficiais, aponta diminuição em índices de outros tipos de crime, como mortes violentas intencionais e crimes de rua (roubos e furtos).
Crimes contra a mulher
De acordo com o anuário, os feminicídios aumentaram 0,8% no País, alcançando 1.467 casos registrados em 2023. As agressões decorrentes de violência doméstica tiveram um aumento de 9,8%, totalizando 258.941 casos.
Houve alta também nas tentativas de feminicídio (7,2%, alcançando 2.797 vítimas) e nas tentativas de homicídio contra mulheres (8.372 casos no total, alta de 9,2%). Os feminicídios se diferem das tentativas de homicídio pois tratam de crimes cometidos devido à condição de ser mulher.
Em crimes de violência sexual, as taxas de aumento nos registros são ainda mais impactantes. Os cases de importunações sexuais cresceram 48,7%, superando 41 mil registros. Os registros de assédio sexual aumentaram 28,5% (foram mais de 8 mil casos) e as divulgações de cenas de estupros, sexo ou pornografia subiram 47,8%, totalizando mais de 7 mil registros.
O anuário aponta, ainda, altos índices de crescimento nos registros de outros crimes contra mulheres, como ameaças (alta de 16,5%, passando de 778 mil casos); violência psicológica (33,8% de aumento, total superior a 38 mil casos); e stalking, termo em inglês para perseguição obsessiva (foram mais de 77 mil registros em 2023, alta de 34,5%).
Quedas em outros crimes
Por outro lado, o Anuário traz números que mostram quedas em outros tipos de crimes. As mortes violentas (levando em conta vítimas homens e mulheres) tiveram redução de 3,4% no país em 2023, na comparação com o ano anterior. Ainda assim, os números são alarmantes: foram 46.328 casos registrados.
Houve queda também nos chamados “crimes de rua”, como roubos e furtos. Os registros de roubos de celular, por exemplo, foram 10,1% menores que no ano anterior. Houve quedas também nos roubos de veículos (-12,4%), de carga (-13,2%) e nos assaltos a transeuntes (-13,8%).
CartaCapital entrou em contato com o Ministério da Justiça e Segurança Pública com questionamentos sobre os dados, mas não recebeu retorno. Caso haja manifestação, este texto será atualizado.