“Dom Pedro I, um precursor da instabilidade política no Brasil”, afirma Zarattini

No 21º episódio do podcast “Papo Reto”, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) recebeu o jornalista e escritor Ricardo Lessa para discutir a manipulação da memória nacional pela monarquia e seus descendentes. Autor do livro “O Primeiro Golpe do Brasil”, ele apresentou uma visão crítica sobre a proclamação da independência do Brasil e seus impactos históricos.

Na obra, Ricardo Lessa recontou o processo de independência do Brasil. De acordo com ele, o 7 de Setembro foi um “golpe publicitário” que vendeu a imagem de uma monarquia benevolente e democrática. “Esse é um golpe esquecido porque a monarquia e seus descendentes fizeram uma publicidade para manipular a memória do brasileiro. Eles se venderam muito bem. A verdade é que a independência promovida por Dom Pedro I trouxe atraso econômico e prolongou a escravidão”.

Durante a entrevista, Zarattini relembrou que o golpe militar liderado por Dom Pedro I para fechar a Assembleia Constituinte em 1823, com apoio de tropas militares portuguesas com o intuito de ampliar seus poderes. “Esse é o primeiro golpe, mas tivemos vários outros na história”, disse parlamentar, mencionando o golpe da República, o golpe militar de 1964, o golpe de Getúlio Vargas que instaurou o Estado Novo, e a mais recente tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, encabeçada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

O jornalista destacou também que Dom Pedro I é tratado como herói por militares, inclusive os ex-presidentes Emílio Médici e Jair Bolsonaro. Lessa relembra momentos da história recente, quando Médici trouxe a ossada de Dom Pedro I ao Brasil no aniversário de 150 anos da independência, e 50 anos depois, Bolsonaro trouxe o coração do monarca para comemorar o bicentenário.

Escravidão

O tráfico de escravos teve seu ápice em 1829 sob o reinado de Dom Pedro I. Segundo ele, o monarca ao proclamar a independência adiou a abolição da escravatura, o desenvolvimento econômico do país e intensificou a desigualdade. O fim da escravidão foi proposto por José Bonifácio antes da dissolução da Constituinte, mas só se concretizou de fato em 1888 com a Lei Áurea, um ano antes do fim da monarquia. “Tivemos esse fardo de sermos os últimos escravistas e monarquistas em todo a Americana. Então, essa ligação da monarquia com o escravismo é muito promíscua, muito próxima, é escondida e, de preferência, jogada por baixo do tapete”, denuncia Lessa.

Zarattini destacou como historicamente a monarquia não é reponsabilizada pelos séculos de escravidão no Brasil e algumas vezes até glorificada pela assinatura da Lei Aurea, que foi assinada pela Princesa Isabel em 1888, abolindo a escravatura no Brasil. “Parece que são duas histórias diferentes. Tem a história da monarquia e tem o escravismo, como se fosse algo que não tinha nada a ver uma coisa com a outra. Mas a verdade é que a monarquia atrasou o fim da escravidão e se beneficiou do comércio escravo. Fim da escravatura não foi um projeto deles” afirmou o parlamentar.

Herança golpista

Em seu livro, Ricardo Lessa argumenta que o golpe militar de Dom Pedro I para fechar a Constituinte e consolidar seu poder absoluto marcou a política brasileira com traços de corrupção, elitismo e autoritarismo. Esse modelo deixou marcas e serviu de modelo para vários outros golpes vividos no Brasil, inclusive a tentativa de golpe em 8 de janeiro.

Assista o episódio completo:

 

Da Assessoria de Comunicação do deputado Carlos Zarattini

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