Ao prestar esclarecimentos à Procuradoria-Geral da República (PGR), em 2020, o então chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, jamais informou a existência de uma gravação de áudio da reunião com a defesa de Flávio Bolsonaro e o então presidente, Jair Bolsonaro (PL), para discutir o fatídico caso das “rachadinhas”.

Naquele ano, a PGR instaurou um procedimento para apurar o uso da Abin na defesa de Flávio, após a imprensa brasileira revelar que a agência elaborou um relatório com orientações para auxiliar as advogadas do senador, conforme relembrou reportagem do Uol.

O uso ilegal do órgão, que também espionou clandestinamente membros do judiciário, legislativo, jornalistas e desafetos de Bolsonaro, ganhou novos desdobramentos na semana passada, após a Polícia Federal (PF) deflagrar uma nova fase da Operação contra o que ficou conhecido como “Abin paralela”. 

Ontem, o sigilo do caso foi derrubado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Após isso, veio à público o áudio da reunião entre Ramagem, Bolsonaro e as advogadas de Flávio.

Acontece que, em 18 de dezembro de 2020, Ramagem afirmou que reunião teria sido feita para tratar da segurança da família presidencial, uma das atribuições do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ao qual a Abin estava submetida. Agora, a gravação indica o contrário.

“A reunião provocada pela defesa do senador ocorreu para apresentação de denúncia de ocorrência de eventual violação de segurança institucional em relação a membro da família presidencial, que configura competência atribuída ao GSI, por meio do Art. 10 da Lei nº 13.502, de 01 de novembro de 2017, suspeita esta que, posteriormente, não foi confirmada”, diz ofício de Alexandre Ramagem à PGR.

Ainda nesta segunda, Ramagem usou as redes sociais para se defender. Segundo ele, o encontro foi gravado com a autorização de Bolsonaro, porque havia recebido a informação de que uma pessoa que seria enviada pelo então governador do Rio, Wilson Witzel, faria “uma proposta nada republicana”.

Ramagem ainda afirmou que, como a suspeita não se comprovou, nem houve participação de nenhum enviado de Witzel, a gravação foi descartada.

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Última Atualização: 16/07/2024