A história se repete

por Leonardo Silva

Um candidato à presidência sofre um atentado e gera alvoroço, mas, ops, não estamos falando de 2018, quando Jair Bolsonaro foi alvo de um ataque, mas sim de julho de 2024 e do republicano Donald Trump. A história se repete: Bolsonaro e Trump compartilham uma trajetória similar, sendo ambos candidatos de extrema direita, apoiadores de tentativas de golpe em seus respectivos países e acusados de diversos crimes.

Em 6 de setembro de 2018, Jair Bolsonaro, então deputado federal e candidato à presidência do Brasil, sofreu um atentado durante um comício em Juiz de Fora, Minas Gerais. No meio de uma multidão de apoiadores, Bolsonaro foi esfaqueado na região do abdômen por Adélio Bispo de Oliveira. Imediatamente levado à Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Bolsonaro passou por uma cirurgia de emergência. Adélio foi preso em flagrante e, após investigação, a polícia concluiu que ele agiu sozinho, sem orientação de um mandante.

Esse ataque teve um impacto profundo na campanha de Bolsonaro. A comoção pública gerada pelo atentado blindou o candidato de críticas mais duras e diminuiu as pressões para que ele participasse de debates, algo que poderia ter prejudicado sua posição política.

De maneira alarmantemente semelhante, ontem (13 de julho), Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos e candidato nas atuais eleições presidenciais, foi alvo de um atentado durante um comício na Pensilvânia. Embora os detalhes ainda estejam emergindo, o impacto político do ataque já é perceptível.

A semelhança entre os dois eventos não se limita apenas ao ato violento em si, mas também às suas consequências políticas. No caso de Bolsonaro, o atentado ocorreu em um momento em que ele enfrentava duras críticas e um desempenho desastroso em debates. O ataque desviou o foco das críticas e permitiu que Bolsonaro evitasse confrontos diretos com outros candidatos, fortalecendo sua posição como o candidato anti-establishment que prometia mudanças radicais.

A história, ao se repetir, sublinha a fragilidade das democracias frente às retóricas forjadas. Os atentados contra Bolsonaro e Trump não apenas infligiram danos físicos, mas também tiveram ou podem ter profundos impactos políticos, favorecendo aqueles que melhor encenam suas narrativas.

Essa história já conhecemos

Um candidato sofre um atentado durante a campanha presidencial, gerando comoção pública e transformando-o em uma figura de mártir. Esse novo episódio de violência política ressoa com as cicatrizes de eventos passados e expõe a fragilidade das democracias contemporâneas.

Bruno Fabricio Alcebino da Silva – Bacharel em Ciências e Humanidades e graduando em Relações Internacionais e Ciências Econômicas pela Universidade Federal do ABC (UFABC) e pesquisador do Observatório de Política Externa e Inserção Internacional do Brasil (OPEB).

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Última Atualização: 15/07/2024