Diretrizes para 2026: como conduzir a NR-01 nas empresas

A NR-1 passa a ocupar posição central na agenda das empresas em 2026, diante do avanço das exigências sobre gestão de riscos no trabalho. Dados do Ministério do Trabalho mostram que o Brasil registrou 724.228 acidentes em 2024, sendo 74,3% acidentes típicos, 24,6% de trajeto e apenas 1% relacionados a doenças ocupacionais.

O número evidencia a dificuldade histórica de reconhecer doenças ligadas ao trabalho. Nesse contexto, a NR-1, que estabelece disposições gerais sobre segurança e saúde ocupacional, amplia a responsabilidade das empresas na prevenção e no monitoramento contínuo de riscos.

Segundo Ricardo Queiroz, especialista em saúde corporativa, a distância entre o texto da norma e a prática ainda é um entrave frequente. Para ele, muitas organizações sabem o que a NR-1 exige, mas encontram obstáculos na execução cotidiana.

NR-1 exige método, não checklist

A norma não apresenta um roteiro fechado. Ainda assim, define etapas obrigatórias, como identificação de riscos, aplicação do diagnóstico de risco psicossocial, elaboração de planos de ação, definição de indicadores e acompanhamento contínuo.

A complexidade aumenta com a inclusão dos riscos psicossociais. Muitas empresas confundem avaliação psicossocial individual com avaliação de risco psicossocial organizacional, exigida pela NR-1. Essa distinção é um dos primeiros pontos críticos do processo.

Mudanças internas acionam revisão imediata

A NR-1 determina que a gestão de riscos seja revista sempre que houver mudanças relevantes. Na prática, essas alterações são frequentes nas empresas.

Trocas de liderança, reorganizações internas, fusões, mudança de endereço, alterações no modelo de trabalho, adoção de novas tecnologias e variações no quadro de funcionários exigem atualização da análise de riscos.

Ignorar esses movimentos compromete a aderência à norma e fragiliza a gestão de segurança e saúde no trabalho.

Diagnóstico superficial distorce decisões

Outro problema recorrente está na qualidade do diagnóstico. Mapas genéricos produzem leituras imprecisas e levam a políticas amplas, que não refletem a realidade das áreas.

Já um diagnóstico estruturado direciona ações para pontos específicos, evita desperdício de recursos e ajuda a definir prioridades. Na lógica da NR-1, riscos não são homogêneos dentro da empresa.

Cada área possui dinâmicas próprias, o que exige respostas distintas e ajustadas ao contexto real de trabalho.

Risco psicossocial entra na gestão do negócio

Quando bem conduzida, a avaliação de risco psicossocial deixa de ser apenas uma obrigação normativa. Ela passa a apoiar decisões ligadas a treinamentos, benefícios, planos de desenvolvimento e medidas de proteção.

De acordo com Queiroz, essa leitura mais precisa reduz rotatividade, absenteísmo e custos com desligamentos e recontratações. Esses efeitos impactam diretamente a previsibilidade operacional das empresas.

Além disso, ambientes com menor exposição a riscos favorecem foco, estabilidade das equipes e continuidade dos processos.

Três pilares para aplicar a NR-1

A aplicação da NR-1 depende de três eixos: diagnóstico consistente, gestão contínua e monitoramento. O primeiro envolve avaliação de riscos psicossociais alinhada à NR-17, com instrumentos validados e análise de indicadores internos.

Na sequência, os dados precisam ser convertidos em planos de ação, com priorização, acompanhamento e revisões periódicas. A norma deixa claro que a gestão não pode ser pontual.

Sem método e ferramentas adequadas, a NR-1 tende a ser tratada como ação isolada, em desacordo com o modelo contínuo exigido.

Bem-estar antecede resultado financeiro

Um estudo da Universidade de Oxford analisou mais de um milhão de trabalhadores em 1.782 empresas abertas, ao longo de vários anos. O levantamento cruzou dados de bem-estar com desempenho financeiro.

As empresas com melhores indicadores de bem-estar registraram retorno sobre ativos cerca de 12% maior. Também apresentaram valorização de mercado entre 8% e 10% superior e retorno acionário até 7% acima da média.

Segundo os pesquisadores, o aumento do bem-estar ocorreu antes da melhora dos resultados financeiros. Para a gestão alinhada à NR-1, o dado reforça que reduzir riscos psicossociais influencia diretamente eficiência, estabilidade e geração de valor.

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