A Venezuela solicitou nesta quarta-feira (17) a convocação do Conselho de Segurança da ONU para discutir o que classificou como “agressão contínua dos Estados Unidos”. O pedido foi formalizado por meio de carta enviada ao órgão de 15 membros, após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar um bloqueio naval contra petroleiros que entram e saem do país sul-americano.
Conforme um diplomata das Nações Unidas disse à Reuters, a reunião deve ocorrer na próxima terça-feira (23). Para Caracas, a ofensiva militar representa uma violação direta da soberania nacional e do direito internacional.
Ao levar o caso à ONU, a Venezuela busca apoio internacional para conter a política de força e coerção dos Estados Unidos. A reunião do Conselho de Segurança deverá colocar em evidência o debate sobre soberania, sanções unilaterais e os limites da atuação militar de Washington na América Latina.
Bloqueio naval mira principal fonte de renda
O bloqueio determinado por Trump atinge a principal fonte de receitas da Venezuela: o petróleo. Ao ordenar a interceptação de navios sancionados, Washington aprofunda uma política de asfixia econômica que já dura anos e tem impactos diretos sobre a população venezuelana.
Em publicações nas redes sociais, Trump acusou a Venezuela de “roubar petróleo e terras” dos Estados Unidos e afirmou que o país estaria cercado “pela maior armada já reunida na história da América do Sul”. Também classificou o governo Maduro como “organização terrorista estrangeira”, repetindo acusações de narcotráfico e crimes diversos, rejeitadas por Caracas como infundadas e politicamente motivadas.
Autoridades do país classificaram o anúncio como “delirante” e denunciaram o caráter extraterritorial das sanções, vistas como instrumento de coerção política e econômica. Para o governo venezuelano, tais declarações servem para justificar ações militares e sanções ilegais, à revelia das instâncias multilaterais.
ONU pede moderação e respeito à Carta
Diante da escalada, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu “desescalada imediata” e moderação das partes. Em conversa telefônica com o presidente Nicolás Maduro, Guterres reafirmou a necessidade do respeito à Carta das Nações Unidas e ao direito internacional.
Maduro alertou que as ameaças dos EUA colocam em risco a paz regional e podem gerar consequências imprevisíveis para toda a América Latina.
Apoio internacional à Venezuela
Rússia e China manifestaram apoio explícito ao governo venezuelano. Moscou advertiu que o aumento das tensões na região pode ter “consequências imprevisíveis” inclusive para o próprio Ocidente. Pequim declarou oposição a “qualquer forma de assédio unilateral”, reforçando a defesa da soberania venezuelana.
Na América Latina, a presidenta do México, Claudia Sheinbaum, apelou para que a ONU atue para “evitar derramamento de sangue” e se colocou à disposição como mediadora. A Alemanha também sinalizou preocupação com a deterioração do cenário regional.
Militarização do Caribe preocupa região
Além do bloqueio naval, os EUA deslocaram porta-aviões, aeronaves, veículos militares e milhares de soldados para o Caribe, sob o argumento de combate ao narcotráfico. As operações incluem abordagens e apreensões de embarcações, cuja legalidade tem sido questionada por especialistas e governos da região.
Caracas denuncia essas ações como atos de intimidação e pirataria internacional, que aprofundam a instabilidade regional.