Todo apoio à greve dos trabalhadores dos Correios

Neste dia 17 de dezembro se iniciou a greve nacional dos trabalhadores dos Correios nos principais estados – aqui no Rio Grande do Sul, em São Paulo, em Minas Gerais, no Paraná, no Rio de Janeiro, no Ceará e na Paraíba. Também aderiram ao movimento as regiões de Vale do Paraíba (SP), Campinas (SP), Santos (SP) e Londrina (PR).

Todo trabalhador gostaria de ter tranquilidade para desfrutar as festividades de fim de ano. Mas a direção da empresa e o governo Lula não deixaram outra alternativa. A categoria se cansou de mais de 150 dias de enrolação e ameaças. Desde agosto, data-base da categoria, quando anualmente se apresenta a pauta de reivindicações referente ao acordo coletivo de trabalho, os trabalhadores estão aguardando uma saída. Durante todo este tempo, a empresa só anunciou retirada de direitos. Ameaçou não ter condições de pagar o 13º salário. Afirma que vai reduzir ainda mais o quadro de funcionários com planos de demissão “voluntária” e estabelece o fechamento de agências (pontos de atendimento à população). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declara que o plano do governo não é privatizar, mas exige a implementação de uma reestruturação que vai fragilizar a empresa ainda mais.


O novo presidente da empresa, Emmanoel Schmidt Rondon, prometia apresentar uma proposta econômica, que nunca se concretizou. Guilherme Boulos (PSOL), agora ministro, disse para os dirigentes das federações que o governo defende o diálogo. Porém, como “nunca antes na história deste país”, expressão comumente utilizada por Lula para destacar seus feitos, o Correios acionou o Tribunal Superior do Trabalho (TST) antes mesmo de apresentar uma proposta à categoria. E, perante o TST, só tem reafirmado que não há viabilidade financeira para manter os direitos dos trabalhadores.

E não só isso. As mediações do TST têm sido palco de ameaças, como a realizada pelo Ministro Rui Costa que afirmou, na semana passada, que, caso a greve de trabalhadores dos Correios fosse decretada, a empresa seria encaminhada para a privatização.

Por isso, corretamente, na assembléia realizada neste dia 16, em Porto Alegre, os trabalhadores votaram uma moção de repúdio ao Ministro Rui Costa por prática antissindical.

Alexandre Nunes, Secretário Geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio Grande do Sul (Sintect-RS) e militante do PSTU lembrou, em sua fala na assembléia, que os direitos conquistados com décadas de lutas não são privilégios. Os salários dos Correios são os mais baixos entre todas as empresas federais. “Quem tem privilégio são os parlamentares que não abrem mão de seus inúmeros auxílios; dinheiro para salvar empresa privada tem, é só ver o que exportadores receberam de subsídios durante o tarifaço de Trump”, afirmou, lembrando ainda que “aqui no Rio Grande do Sul vimos inúmeras mega-empresas, inclusive multinacionais, recebendo auxílios por conta de danos na enchente”. E dinheiro para recuperar uma empresa pública, como os Correios, não tem ?

Helen, diretora do Sintect-RS e dirigente da CSP-Conlutas-RS, destacou que está evidente que a orientação de intransigência nas negociações parte do governo. Por exemplo, em situações completamente distintas, o argumento é o mesmo. Em petroleiros, em que há lucros recordes, a Petrobrás quer impor arrocho salarial e retrocessos. Em Correios, que acumula um prejuízo de R$ 6 bilhões entre janeiro e setembro, querem impor o fim do vale de final de ano, redução do adicional de férias, alteração no plano de saúde (para que a empresa deixe de ser a mantenedora), entre outros ataques. Mas os trabalhadores de Correios não aceitam pagar a conta por uma crise que não foi criada pelos trabalhadores.

Os trabalhadores dos Correios já estão sendo muito penalizados com as péssimas condições de trabalho, excesso de jornada e dos baixos salários. No governo Bolsonaro, em plena pandemia, derrotaram o PL 591, que avançava na privatização da empresa. Agora, no governo Lula, lutam contra o desmonte e a precarização. Por exemplo, está sendo implementada a “entrega colaborativa”, um modelo de terceirização disfarçada em que Centros de Distribuição passam a operar como CDs privados, funcionando inclusive aos domingos, sem garantias trabalhistas e sem responsabilidade civil ou criminal semelhante a de empregados concursados.

Correios é uma empresa estratégica, por sua logística em um país continental como o nosso. Por isso é tão visada pelas grandes empresas do e-commerce, que continuam em ampla expansão no país, em se apropriar da sua infraestrutura. O e-commerce deu um salto gigantesco desde 2012 e , em especial, a partir da pandemia. Somente no Brasil faturaram R$ 204,3 bilhões em 2024, um crescimento de 10,5% em relação a 2023

Os Correios têm papel social e podem cumprir muitos mais . Mas, para isto, precisa de investimentos do Governo Federal e precisa ser controlado e administrado pelos próprios trabalhadores e usuários. Somente assim poderá exercer seu papel de atender a população, com custo baixo, e com qualidade.

Solidariedade

Ampliar a greve a outros estados e unificar com petroleiros

Vinte sindicatos aprovaram a manutenção do “estado de greve” e ainda não entraram na paralisação. Esta foi uma ação consciente das direções – que mais se preocupam em preservar o governo Lula do que as necessidades da categoria – e que estão à frente das duas federações. Nesse dia 16, depois de mais uma tentativa frustrada de mediação do TST, foi divulgado um vídeo em que estes dirigentes governistas informavam que as assembléias marcadas para a decretação da greve seriam suspensas. Um verdadeiro golpe, pois a convocação de assembléias para o dia 16 havia sido uma decisão da categoria que já está em estado de greve, aguardando as negociações há muito tempo. Esta orientação gerou revolta. As assembléias, nas principais bases foram mantidas.

Em São Paulo, por exemplo, a CTB, que dirige o sindicato, propunha que a categoria aguardasse até o dia 23 de dezembro, quando está marcada uma nova “mediação do TST” para, só então, decretar uma greve em pleno Natal. Os trabalhadores, que não são bobos, se rebelaram, e votaram pela decretação da greve já.

Neste dia 17, a greve começou muito forte aqui no Rio Grande do Sul e, pelos nossos informes, este quadro é geral. A primeira necessidade é ampliar a greve para todo o país. Os trabalhadores destas bases devem pressionar suas direções para convocar assembléias o mais rapidamente possível. O segundo passo, é unificar a luta com a categoria petroleira. Não só realizando ações comuns, mas estabelecendo um comando comum de greve que coloque as empresas e o governo contra a parede. E é fundamental fazer uma campanha de defesa da greve, junto à população que está sendo bombardeada pela campanha privatista da extrema direita e da grande imprensa.

Todo apoio à paralisação dos trabalhadores em defesa dos Correios público!

-Contra a precarização da empresa

-Contra as ameaças de privatização

-Pela manutenção dos direitos dos trabalhadores

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