Futuro líder do PSB na Câmara dos Deputados, Jonas Donizette é próximo do vice-presidente Geraldo Alckmin, de quem foi líder do governo na Assembleia Legislativa de São Paulo. No xadrez eleitoral desenhado pelo PT, Alckmin aparece recorrentemente como potencial candidato ao governo paulista. Já nos cenários traçados pelo PSB, partido do vice-presidente, o nome de Alckmin não se move: ele permanece na chapa de Lula.
Segundo Donizette, a composição hoje desejada pelo PSB em São Paulo envolve três ministros. Marcio França, do Empreendedorismo, concorreria ao governo do estado; Fernando Haddad, da Fazenda, e Marina Silva, do Meio Ambiente, disputariam o Senado. França é do PSB, Haddad do PT, e Marina da Rede — mas negocia um retorno ao ninho pessebista.
“Existe uma possibilidade grande de a Marina vir para o PSB e uma chance forte de ela sair candidata ao Senado”, disse Donizette durante um café de fim de ano com jornalistas, nesta quarta-feira, 17. O desfecho da negociação, prosseguiu o deputado, depende de pendências jurídicas da ministra com seu atual partido. Caso a candidatura ao Senado não se viabilize, Marina poderia tentar novamente uma vaga na Câmara.
Ex-prefeito de Campinas, no interior paulista, Donizette aposta que o atual governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) buscará a reeleição, em vez de se lançar à disputa presidencial contra Lula. “Vai ser uma eleição presidencial dura, mas não como a de 2022”, afirmou. Naquele pleito, Jair Bolsonaro estava à frente da máquina pública e, ainda assim, perdeu. Agora, observa o deputado, o cenário é outro: “é Lula quem está no Planalto”.
Na avaliação de Donizette, o presidente precisa reduzir um pouco sua taxa de rejeição. Ele relata que, no auge do tarifaço anunciado por Donald Trump, pesquisas em Campinas mostraram Lula e Tarcísio com avaliações positivas semelhantes de seus governos — um indicativo, segundo o deputado, de condições mais favoráveis ao petista. Vale lembrar que, em 2022, Lula e Haddad perderam no interior paulista para Bolsonaro e Tarcísio, respectivamente, embora tenham vencido na capital.
Para Donizette, as pesquisas de intenção de voto divulgadas após a entrada do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na corrida presidencial são positivas para o filho do ex-presidente. Ele não acredita, porém, que o senador leve a candidatura adiante. Na ausência de Flávio e de Tarcísio, o principal nome da oposição a Lula seria Ratinho Jr. (PSD), governador do Paraná.
O paranaense, segundo o deputado do PSB, deve ter recebido com alívio a notícia trazida nesta quarta pelo UOL, segundo a qual a Polícia Federal encontrou, na 13ª Vara Federal de Curitiba, indícios de que o senador Sergio Moro (União Brasil-PR), quando juiz, ordenou o grampo ilegal de autoridades.
CartaCapital trouxe à tona o caso em 2023, a partir de um extenso material enviado ao Supremo Tribunal Federal por ex-deputado e empresário Tony Garcia.
Ratinho Jr. quer eleger um sucessor no Paraná, e Moro é hoje uma pedra nesse caminho. O ex-juiz cogita disputar o governo do estado e aparece bem posicionado nas pesquisas. Caso consiga neutralizar essa ameaça local, Ratinho ganharia mais liberdade para negociar sua própria chapa presidencial e circular pelo país em campanha.