O presidente Lula (PT) colocou o enfrentamento à violência contra as mulheres como prioridade absoluta do governo federal e defendeu uma mobilização permanente do Estado e da sociedade para enfrentar o problema, que segue fazendo vítimas diariamente no Brasil. Em reunião no Palácio do Planalto, Lula afirmou que a violência de gênero “não admite silêncio nem adiamento” e precisa ser tratada como uma responsabilidade coletiva, que envolve governos, instituições e, sobretudo, os homens.
Violência contra mulheres como responsabilidade do Estado
Ao abrir o encontro nesta terça-feira (16), Lula foi enfático ao afirmar que o combate à violência contra as mulheres não pode ser terceirizado nem tratado como uma pauta secundária. “Esse é um problema do Estado, da sociedade e também dos homens”, afirmou o presidente. Para ele, enfrentar esse cenário exige coordenação entre o governo federal, o Judiciário, o Congresso Nacional, além de estados e municípios.
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Lula reforçou que proteger a vida das mulheres deve ser uma ação cotidiana do poder público, articulando políticas de prevenção, acolhimento às vítimas e punição rigorosa aos agressores. “A vida das mulheres brasileiras tem que ser protegida todos os dias com políticas públicas, prevenção, acolhimento e punição exemplar para quem comete violência”, declarou.
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Mudança de comportamento e enfrentamento ao machismo
O presidente destacou que a violência contra mulheres está profundamente ligada a uma cultura machista que ainda estrutura relações sociais no país. Para Lula, enfrentar o feminicídio passa, necessariamente, por uma mudança de comportamento dos homens e por ações educativas desde a infância. “É um processo educacional que tem que ser levado para a escola. Estar dentro do ensino fundamental. O menino não pode achar que é melhor do que a menina”, afirmou.
Na reunião, Lula também criticou a naturalização da violência e a postura de homens que se colocam como espectadores do problema. “Onde é que a gente vai parar? Então nós, homens, costumamos ficar no conforto do nosso machismo e dizer, bom, a luta é da mulher”, ponderou diante dos representantes da sociedade civil.
União entre os Poderes para enfrentar a violência
Lula convocou formalmente os demais Poderes a assumirem um papel ativo no enfrentamento à violência de gênero. Segundo ele, o poder público precisa liderar a construção de respostas estruturais. “Essa reunião é para ver se a gente consegue construir uma proposta que envolva a sociedade brasileira, homens e mulheres. Mas que envolva, sobretudo, o poder público, que pode mais. O prefeito pode mais. O governador pode mais. O Congresso pode mais, fazer com que a gente possa viver mais tranquilos”, disse o presidente.
O encontro reuniu ministras, entre elas a Márcia Lopes (ministra das Mulheres); Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação; Marina Silva (ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima); Anielle Franco (ministra da Igualdade Racial); Esther Dweck, ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos; Macaé Evaristo (ministra dos Direitos Humanos e Cidadania) e a ministra Cármen Lúcia, presidenta do TSE e ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), ministros, integrantes do STF, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Ministério da Justiça e representantes de entidades da sociedade civil. Durante os debates, foi ressaltado que a violência atinge de forma ainda mais brutal mulheres negras, periféricas, indígenas e de comunidades tradicionais, aprofundando desigualdades históricas de gênero e raça.
Ao final, Lula reafirmou que o enfrentamento à violência contra as mulheres é um eixo central do projeto democrático em curso no país. “Esse tema é prioridade absoluta para o Governo do Brasil. Porque um país só é verdadeiramente democrático quando todas as mulheres podem viver sem medo”, concluiu.
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com agências