Os ‘antissemitas’ que salvaram os judeus

O editorial da Folha de S. Paulo, sob o título Antissemitismo letal na Austrália, é uma peça canalha tanto do ponto de vista factual quanto argumentativo. Utilizando um ataque recente ocorrido em Bondi, na Austrália, como pano de fundo, o jornal continua sua política de perseguição a setores que resistem à ocupação sionista da Palestina, ao mesmo tempo em que reforça o desarmamento da população trabalhadora — tudo isso com base em distorções grosseiras dos fatos.

O editorial é desonesto ao afirmar que o ataque em Sydney, ocorrido durante uma celebração de Hanukkah, se trata de um “atentado antissemita” e tentar fazer disso uma ilustração do “ódio” crescente aos judeus no mundo. Segundo os próprios relatos da imprensa internacional, quem impediu que o massacre fosse ainda maior foi um muçulmano, identificado como herói pelas autoridades locais. O homem, arriscando a própria vida, protegeu judeus durante o ataque.

Essa simples informação desmonta a campanha racista de que muçulmanos seriam, por natureza, inimigos dos judeus e portadores de um fanatismo homicida. Ao contrário, o gesto de coragem desse homem revela uma solidariedade humana.

Mais grave ainda é o uso do ataque para justificar uma campanha contra o povo palestino. O editorial, sem o menor pudor, associa o ocorrido na Austrália ao ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 — uma ação militar dirigida contra uma potência de ocupação. Tentar pintar essa ação como um surto ideológico antissemita é de uma má-fé repugnante. O Hamas, em seu próprio documento de princípios, deixa claro que sua luta não é contra os judeus enquanto povo, mas contra o regime sionista de dominação.

Ignorar esse fato e empurrar a ideia de que o Hamas seria parte de um plano global antissemita é desonesto. Pior: é parte de uma campanha que busca justificar o genocídio em Gaza, promovido pelo Estado de “Israel” com apoio irrestrito das potências imperialistas. Ao colocar a luta legítima de um povo oprimido no mesmo patamar que um ataque individual e ainda pouco esclarecido, a Folha contribui para a perseguição de toda e qualquer resistência.

O editorial também se presta a outro serviço sujo: o reforço da política de desarmamento. A Folha utiliza o episódio para sustentar que leis rígidas de controle de armas são “cruciais”. Contudo, o próprio caso mostra o contrário: mesmo em um país com legislação duríssima, massacres continuam ocorrendo. E mais: os autores do ataque tinham autorização legal para portar armas. Ou seja, a tragédia não decorre da falta de regulação, mas das contradições sociais que levam indivíduos a cometer atos desesperados ou violentos.

A campanha desarmamentista, longe de proteger o povo, tem como objetivo central enfraquecer a capacidade de resistência da população. O Estado e a imprensa burguesa não querem evitar massacres — querem garantir que, diante da opressão, os trabalhadores não possam se defender. E usam episódios trágicos como este para avançar com sua política repressiva.

O editorial da Folha é, portanto, um libelo de propaganda de guerra: mente sobre os fatos, distorce a história e promove uma política que desarma o povo ao mesmo tempo em que justifica massacres do imperialismo.

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