Copa do Brasil de Handebol, por F. Ponce de León

Enviado por Felipe A. P. L. Costa.

Copa do Brasil de Handebol.

por F. Ponce de León, do blogue Poesia Contra a Guerra.

A segunda das duas partidas entre Cruzeiro e Corinthians pelas semifinais da Copa do Brasil (2025) ocorreu no domingo (14/12). A partida foi realizada na arena da Caixa Econômica Federal, em São Paulo. O time mineiro venceu; como o time paulista havia vencido a primeira partida, em 10/12, a disputa foi decidida nos pênaltis.

GOL IRREGULAR E BURBURINHOS.

Devo confessar que, antes do início do segundo jogo, eu temia pelo pior. Imaginava que a diretoria da CBF não iria se contentar com a mera desclassificação do time mineiro. Digo isso porque a entidade ficou muito incomodada com os burburinhos que tomaram conta do noticiário futebolístico nos últimos dias. Estou a me referir, especificamente, a um sem número de discussões (naturais ou forçadas, superficiais ou profundas) que surgiram em torno do gol irregular que decidiu a primeira partida. (De fato, foi uma partida estranha [e.g., >100 paralisações durante pouco mais de 90 minutos], embora não exatamente pelos motivos que eu levantei em postagem anterior – ver aqui.)

Já no dia 11, a CBF anunciou que estava a investigar o lance do gol. Acostumada a tramar às escondidas, a entidade jogou pesado: em sua resposta aos burburinhos, evocou a ação de forças ocultas – alegou coisas do tipo: “Não há imagens conclusivas sobre o lance. O que há são imagens falsas, geradas por IA”. Além de patética e vergonhosa, declarações maliciosas como essa estimulam o malfeito e a malandragem. (Como diria o ditado: ladrão acostumado a roubar milhões não trata como débito em conta um desfalque de R$ 1 mil.)

CONTRARIAR A CBF PODE SER PERIGOSO.

A CBF mentiu, e mentiu deliberadamente. Imagens transmitidas pela TV Globo, além de imagens do VAR, divulgadas ainda naquela noite, já continham sinais de fumaça; restava examinar com calma e encontrar a fogueira. Ao menos três sinais me chamaram a atenção, dois deles durante a transmissão ao vivo: (1) o comportamento do camisa 10 do Corinthians, que (envergonhado?) apenas empurrou a bola para as redes; (2) o movimento do goleiro para o lado errado e, em seguida, o alerta (ainda que tímido) do lateral direito do Cruzeiro; e (3) uma análise serena e cuidadosa das imagens disponíveis no dia 10 (sem necessidade, portanto, de recorrer as imagens definitivas que apareceriam no dia seguinte – as tais ‘imagens suspeitas’, cuja autenticidade a CBF disse que iria investigar) já mostravam que a bola não seguiu a trajetória que lhe foi imposta, digamos assim, pela cabeçada dada pelo jogador que fez o gol, e isso ocorreu porque, após a cabeçada, a bola resvalou no braço do camisa 10 do Corinthians.

Contrariar a CBF pode ser perigoso. Jornalistas esportivos – e outros profissionais que trabalham nesse esgoto chamado ‘mundo do futebol’ – sabem disso. Motivo mais do que suficiente para imaginar que o time mineiro sofreria alguma punição durante a segunda partida – e.g., pênaltis e expulsões, ausentes no dia 10, poderiam reaparecer. Exagero? Paranoia? Talvez, mas não custa lembrar: por trás dos ternos caros e dos cabelos engomados, a CBF ostenta uma história malcheirosa: são décadas de crimes e corrupção, uma trajetória que não seria possível sem a conivência e o apoio deliberado de parceiros fiéis – e.g., veículos de imprensa e parlamentares corruptos.

CODA.

No caso do gol irregular do Corinthians, especificamente, veja como uma parte da imprensa se comportou. Em vez de denunciar a irregularidade, muita gente (incluindo gente graúda) optou por relativizar os fatos e plantar a dúvida, prenunciando o que a CBF faria no dia 11: “As imagens não são conclusivas”.

No fim das contas, o Corinthians venceu a disputa nos pênaltis e garantiu uma vaga na final. Está de parabéns: o time paulista está agora com a faca e o queijo na mão – tem tudo para ser o campeão da Copa do Brasil de Handebol.

* * *

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

“Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: https://www.catarse.me/JORNALGGN

Artigo Anterior

O custo Ramagem

Próximo Artigo

Governo aprova Plano Clima e define diretrizes para mitigação e adaptação até 2035

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!