A transição para o novo sistema tributário brasileiro acelera mudanças no compliance fiscal das empresas. Com a regulamentação da CBS, do IBS e do Imposto Seletivo, o volume de dados exigidos pelo Fisco aumenta, assim como o nível de detalhamento e cruzamento das informações enviadas às autoridades.
Nesse ambiente mais digitalizado, cresce a adoção de inteligência artificial em rotinas contábeis e fiscais. O avanço do monitoramento automatizado pelo poder público amplia a necessidade de precisão, rastreabilidade e consistência nos dados, pressionando empresas a reverem seus processos internos.
Segundo Edson Hideki, sócio-fundador da Revio, plataforma de automação e governança de dados contábeis e fiscais, a tecnologia passa a ser peça central do compliance fiscal. Para ele, o novo modelo tributário exige capacidade analítica contínua sobre grandes volumes de informações.
IA responde à complexidade do compliance fiscal
O novo desenho tributário amplia a dependência de dados estruturados e integrados. De acordo com Hideki, ferramentas baseadas em inteligência artificial permitem cruzar informações fiscais, identificar inconsistências e corrigir falhas antes que elas resultem em autuações.
Essa abordagem preventiva reduz riscos regulatórios e aumenta o controle sobre obrigações acessórias. No compliance fiscal, a automação deixa de ser apoio operacional e passa a sustentar decisões críticas sobre exposição tributária e conformidade.
Automação muda o papel
A incorporação da IA altera a dinâmica das áreas fiscais. Sistemas inteligentes analisam grandes bases de dados em segundos, identificam padrões e geram relatórios automáticos de conformidade.
Com isso, profissionais deixam atividades repetitivas e passam a atuar de forma mais analítica. No compliance fiscal, o foco se desloca para interpretação de cenários, avaliação de riscos e apoio direto às decisões estratégicas do negócio.
Classificação e cálculo ganham apoio da IA
A aplicação prática da inteligência artificial já se destaca em frentes sensíveis do compliance fiscal, como a classificação fiscal de produtos e o cálculo de tributos. Plataformas automatizadas realizam enquadramentos de NCM, indicam tributos incidentes e interpretam normas complexas com base em dados atualizados.
Esses sistemas também emitem pareceres técnicos alinhados às soluções de consulta da Receita Federal. Além de garantir conformidade, auxiliam na identificação de créditos tributários não aproveitados e na redução de riscos fiscais.
Jurimetria reforça compliance fiscal e trabalhista
No campo trabalhista, a jurimetria surge como extensão do compliance fiscal. Softwares analisam convenções coletivas, decisões judiciais e padrões de jurisprudência para antecipar conflitos e orientar decisões jurídicas com base em dados.
Essa análise reduz litígios e aumenta previsibilidade nas relações de trabalho, integrando gestão fiscal, jurídica e de pessoas em uma lógica mais orientada por evidências.
Nova era
A ampliação do uso de inteligência artificial indica uma mudança estrutural. O compliance fiscal deixa de ser tratado apenas como obrigação regulatória e passa a ocupar espaço estratégico dentro das organizações.
Em um contexto de reforma tributária e fiscalização cada vez mais digital, empresas que estruturam o uso ético e inteligente de dados tendem a operar com mais segurança, previsibilidade e capacidade de adaptação às novas regras.