A origem da expressão “Tio Sam” remonta a Guerra anglo-americana de 1812, ocasião em que, Samuel Wilson, um empacotador de alimentos de Troy, Nova York, fornecia ao Exército dos Estados Unidos, carne acondicionada em barris estampados com a expressão “U.S” de United States, mas os soldados faziam brincadeiras referindo-se aos bifes como:
U S – Uncle Sam,carinhosamente, referindo-se à Samuel Wilson.
A expressão “Tio Sam” (Uncle Sam) se popularizou e tornou-se o símbolo do governo dos Estados Unidos, sendo, no entanto, desenhado apenas em 1870 por Thomas Nast. Em 1917, surge a versão do artista James Flagg, onde no cartaz o Tio Sam está com o dedo em riste e consta escrito “I Want You for U.S. Army”.
O cartaz foi encomendado à James Flagg(pelas Forças Armadas americanas) para o esforço de recrutamento de soldados para a Primeira Guerra Mundial, daí porque “I Want You for U.S. Army” ( Eu Quero Você para o Exército dos EUA).
Com isso, evidencia-se que desde a sua origem em 1812, a expressão “Tio Sam” vincula-se, estreitamente, à guerra e ao conflito bélico permanece atrelada, inclusive, em 1917, quando, aliás, consolida-se a popularidade desta expressão, por ocasião do recrutamento de soldados norte-americanos para a Primeira Guerra Mundial.
A guerra anglo-americana de 1812, ocorrida após a Guerra de Independência ( 1775-1783: americanos x ingleses), foi uma guerra em defesa da soberania norte-americana novamente contra a Inglaterra e que ainda impunha sua hegemonia ao mundo e, particularmente, aos EUA.
A obstrução do livre comércio dos EUA com a França e o recrutamento obrigatório e forçado em alto-mar de mais de 6.000 marinheiros americanos para a Marinha Real Britânica foram as maiores motivações para o presidente norte-americano: James Madison, decretar em 1812 uma nova guerra contra a Inglaterra, uma vez que, os EUA não poderiam sendo independentes continuarem subordinados aos ingleses, nem serem, por isso, prejudicados em seus interesses econômicos no comércio com a França, uma vez que, era nação neutra, no conflito que, naquele momento ocorria na Europa, entre França e Inglaterra.
Da mesma forma, o presidente norte-americano: Woodrow Wilson, inicialmente era neutro, na Primeira Guerra Mundial, uma vez que, objetivava manter relações comerciais com os países europeus envolvidos no conflito, tanto com os países da Tríplice Entende ( Reino Unido, França e Rússia), quanto da Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália)
E também foi visando seus interesses econômicos, que os Estados Unidos declararam guerra à Tríplice Aliança alinhando-se à Tríplice Entende, por ocasião:
1. do afundamento pela Alemanha de navios de passageiros, mas, sobretudo, de navios mercantes ( impondo prejuízos aos negócios norte-americanos) visando a Alemanha, com isso, impedir que alguma nação abastecesse de suprimentos a Inglaterra, a fim de enfraquecê-la na guerra.
2. pelo conteúdo do Telegrama Zimmermann, que interceptado revelou a oferta secreta da Alemanha ao México para a recuperação dos territórios perdidos na Guerra Mexicano-Americana,de 1846-1848.
Com isso, evidencia-se que os Estados Unidos adotam a neutralidade ou enveredam pela guerra, sempre que for necessário defender seus interesses econômicos.
E,ali,como marca de uma presença vigorosa está Tio Sam, já em 1812, na guerra anglo-americana travada também contra a Inglaterra da qual, os Estados Unidos ficaram independentes,antes, em 1783.
Também para colocar em relevo a defesa dos interesses econômicos dos Estados Unidos, ele, Tio Sam, está, ali, na Primeira Guerra Mundial convocando americanos para serem soldados.
Porém, somente após a Segunda Guerra Mundial e com o término da Guerra Fria é que os Estados Unidos, emergem, de fato, como potência dominante inquestionável e, novamente, ele, Tio Sam, está ali, exibindo-se: agora como símbolo de poder, como a máxima representação da força.
Tio Sam, com o dedo em riste, em tom de ameaça: ainda mais imperativo, intimidador e opressor; para lembrar sempre quem manda no mundo e que foi com armas na mão que seu país alcançou a independência e com a mesma força das armas defendeu sua soberania e ainda é com as armas nas mãos, que impõe, hoje, um domínio mundial tão cruel e sangrento como aquele, antes, exercido pela Inglaterra.
Na América do Sul, o Tio Sam(guinário) – assim batizo e designo este símbolo de poder e opressão -,prepara-se,agora,para mais uma guerra. A bola da vez, é a Venezuela.
O Tio Sam(guinário), não irá como em tempos idos, verter sangue para promover seus interesses econômicos mediante a independência de seu país, nem a soberania de sua pátria.
Não.Desta vez, o Tio Sam(guinário) irá causar mortes e derramamento de sangue para continuar na defesa de seus interesses econômicos, mas,agora, a custa da soberania e independência da Venezuela.
Numa demonstração histórica perversa de que o Tio Sam(guinário), só se preocupa com a soberania e independência, se estas não atrapalham seus interesses econômicos.
O que importa com o banho de sangue que se avizinha é que a riqueza natural da Venezuela, seja o petróleo ou os minerais críticos, fiquem a total disposição dos Estados Unidos, porque sendo o país mais forte – quer impor – que seus interesses econômicos devem ser atendidos sem questionamentos.
O Tio Sam(guinário) está aí, observando as riquezas do planeta, apto e pronto a fazer a guerra, com seu habitual gosto por carnificina, querendo saciar sua fome inesgotável por recursos naturais, faminto por confronto armado não apenas contra a Venezuela, mas também contra a América do Sul (como um todo), porque para o Tio Sam(guinário), no fundo, no mundo, não importa nada, a não ser a proteção de seus interesses econômicos.
Charles Gentil
Secretário de Finanças,PED 2025
Ex-presidente do Diretório Zonal PT do Centro,PED 2019