Uma investigação da Polícia Federal (PF) revela que os envolvidos na chamada “Abin paralela” elaboraram um dossiê sobre o delegado Paulo Silva, atualmente o segundo na hierarquia da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), para investigar sua “conexão” com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Com informações do Metrópoles.
Conforme a PF, a “Abin paralela” compilou o dossiê sobre o delegado Paulo em 18 de junho de 2020, coincidindo com a data da prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em um sítio localizado em Atibaia, no interior de São Paulo. O delegado foi o responsável pela captura de Queiroz, acusado em um esquema de “rachadinha”.
O tema é tratado pelo policial federal Marcelo Araújo Bormevet e pelo militar Giancarlo Gomes Rodrigues, conforme a investigação. Ambos foram detidos durante a operação da PF, realizada na última quinta-feira (11).
Uma das mensagens interceptadas dizia: “Paulo Silva. Delegado da PCSP [Polícia Civil de São Paulo]. Consegue encontrar ligação com Alexandre de Moraes?”, ao que o interlocutor responde: “Vou procurar aqui”.
Segundo a PF, a organização criminosa, através da “Abin paralela”, tinha a intenção de “vincular” Moraes ao delegado da Polícia Civil paulista, braço direito do PM reformado Guilherme Derrite, que é declaradamente bolsonarista.
Os investigadores, no entanto, não mencionam a prisão de Fabrício Queiroz no documento e associam a pesquisa clandestina sobre o delegado Paulo à data do julgamento do STF que confirmou a legalidade do inquérito das Fake News.
A PF registra que “as ações clandestinas direcionadas ao Exmo. Ministro Relator eram reação ilícitas da ORCRIM [organização criminosa] contra as providências tomadas para justamente combater o uso da desinformação como meio para obtenção de vantagens indevidas, inclusive de ordem política”.