A Europa só conseguirá retomar crescimento, competitividade e autonomia estratégica se adotar de forma decisiva a destruição criativa — processo em que empresas menos produtivas dão lugar a novos atores inovadores.
A avaliação é do economista Philippe Aghion, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2025, ao analisar em artigo publicado no Project Syndicate os desafios estruturais do continente diante da nova ordem geopolítica e tecnológica.
Segundo Aghion, a estagnação europeia se tornou uma emergência após choques recentes, como a guerra na Ucrânia, a mudança de postura dos Estados Unidos e a corrida global por liderança em inteligência artificial.
O problema, afirma, não se limita à renda per capita inferior à americana, mas ao atraso tecnológico crônico, que deixou a Europa sem líderes globais em setores estratégicos como IA, plataformas digitais e biotecnologia.
Para o economista, aumentar investimentos em pesquisa é necessário, mas insuficiente. O continente precisa remover barreiras ao mercado único, fortalecer o financiamento de risco e adotar políticas industriais pró-inovação e pró-concorrência, além de permitir maior coordenação fiscal para investir em tecnologias de ponta.
Aghion alerta que, sem renovação empresarial, a Europa seguirá dependente de tecnologias estrangeiras e incapaz de financiar seus objetivos estratégicos. Para tornar essa transição viável, defende políticas de proteção aos trabalhadores deslocados, como o modelo de “flexicuridade”, que combina mobilidade no mercado de trabalho com segurança social.
Ao lembrar que o conceito de destruição criativa foi formulado pelo economista europeu Joseph Schumpeter, Aghion conclui que o continente precisa conciliar inovação acelerada com inclusão social para prosperar nas próximas décadas.