Renato Braz, um dos grandes intérpretes do País, grava Tim Maia — com autoridade

É difícil para um artista se meter a gravar músicas eternizadas por grandes intérpretes como Elis Regina, João Gilberto e Tim Maia. Há um alto risco de sofrer com as comparações e perder a “disputa”.

Renato Braz, contudo, se propôs a fazer isso com a obra de Tim Maia, cujas músicas ainda estão presentes na vida de muitas pessoas devido a uma voz marcante, uma sonoridade inebriante e letras que dialogam com o sentimento mais profundo do “cidadão comum”.

O resultado do disco Canário do Reino, sobre a obra de Tim, é espetacular. O cantor paulista é um dos grandes intérpretes da música brasileira, embora não tenha esse reconhecimento — talvez por ser avesso ao mercado ou por sua dificuldade de adaptação ao sistema fonográfico. 

Nos anos 1990, quando iniciou a carreira, Braz era considerado uma das grandes revelações da música nacional pela afinação, pelo timbre à la Milton Nascimento e pelo modo envolvente de cantar.

Em entrevista a CartaCapital, ele afirmou que há muito desejava fazer um álbum sobre Tim Maia, sua primeira referência como cantor. Disse também não ter sentido pressão por gravar o ídolo de infância. “Fui como poucas vezes na vida para o estúdio sem levar a letra, por conhecer tão bem aquele repertório. Eu carrego o peso da influência.”

O disco, que mistura composições próprias do síndico com as de outros autores, tem cuidadosos arranjos e é uma pedrada. Integram o álbum: Eu amo você (Cassiano e Silvio Roachel), A Rã (João Donato e Caetano Veloso), Você (Tim Maia), Coroné Antonio Bento (João do Vale e Luiz Wanderley), o medley Você e Eu, Eu e Você (Juntinhos) (Tim Maia) e Sossego (Tim Maia), Imunização Racional (Que Beleza) (Tim Maia), Eu Preciso Aprender a Ser Só (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle), Over Again (Tim Maia), Um dia de Domingo (Michael Sullivan e Paulo Massadas) — com a participação de Beatriz Id —, O Descobridor dos Sete Mares (Michel e Gilson Mendonça), Chocolate (Tim Maia) — só com a voz do filho do cantor, Dorival Braz —, Neves e Parques (Michel e Gilson Mendonça), Eu e a Brisa (Johnny Alf) — com a participação de Áurea Martins —, (poema de Edgar Allan Poe traduzido e recitado por Augusto de Campos), e o medley A Lua e Eu (Cassiano e Paulo Zdanovski) e Azul da Cor do Mar (Tim Maia) — com a participação de Nana Caymmi.

Trata-se da última gravação de Nana, que se internou logo na sequência e morreu nove meses depois, em maio deste ano. A participação foi gravada na casa dela.

Para Renata Braz, o fato de a música de Tim Maia ainda ser ainda muito executada se deve ao fato de ele “embalar as pessoas com uma trilha sonora de sentimentos”, principalmente a população que vive em subúrbios e periferias. 

O álbum saiu em formato CD, e o encarte tem belíssimas imagens do Rio de Janeiro do século XIX. Entre os músicos que gravaram as faixas — em algumas delas com a presença de coro e de vários instrumentistas, bem ao estilo de Tim Maia —, destaque para as canções com piano e arranjo de Cristóvão Bastos.

Canário do Reino é um dos melhores discos do ano. 

Artigo Anterior

Abaixo a agressão imperialista contra a Venezuela

Próximo Artigo

Horóscopo do dia: previsão para os 12 signos em 13/12/2025

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!