MULHERES NA PERIFERIA COM LULA

“Por Nossas Vidas, Nossos Direitos, Nossos Espaços e Nossos Bairros”

Violência contra as mulheres: o silêncio de Tarcísio e Nunes frente ao avanço do feminicídio

Enquanto o governo federal amplia ações de proteção, São Paulo sofre com cortes, omissões e ausência de políticas eficazes

O Brasil assiste a um aumento alarmante dos casos de feminicídio, os governos estadual e municipal de São Paulo parecem caminhar na contramão da urgência que o tema exige. Sob o comando do governador Tarcísio de Freitas e do prefeito Ricardo Nunes, as políticas de gênero e enfrentamento à violência contra mulheres sofrem com cortes, esvaziamento institucional e ausência de planejamento estratégico. A consequência é direta: mais mulheres em risco, mais famílias destruídas e uma política pública reduzida a discursos protocolares.

No caso do governo estadual, Tarcísio congelou cerca de 96% do orçamento destinado ao combate à violência contra a mulher para 2025.

Em 2023 o Estado de São Paulo se tornou o Líder em Feminicídio no Brasil. Em 2024 13% de aumento dos casos. Em 2025, 21 mulheres, em média, são assassinadas por mês no estado.

No primeiro semestre de 2025, sem o mês de junho, a capital registrou recorde de feminicídio.

Enquanto os números da violência sobem, o investimento público do Estado de São Paulo despenca

Essa omissão institucional tem custo alto e é pago com a vida de mulheres pobres, negras e periféricas.

Mais da metade das mulheres brasileiras afirmaram ter vivenciado ao menos uma ou duas dessas situações, totalizando de 50,4%. Entre as agressões relatadas estão menosprezo ou demonstrações violentas de raiva durante discussões (31,6%), checar suas mensagens contra a vontade da vítima (29%), ameaça de suicídio pelo parceiro (16,4%), e restrição financeira (10%).

As mulheres que mais sofrem com a violência estão entre 25 e 34 anos e 41,9% são negras. Segundo dados da pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, realizada pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgada em março de 2025.

Proteger a vida das mulheres não é uma pauta “de esquerda”. É uma questão civilizatória, de justiça e de humanidade. E enquanto São Paulo, o estado mais rico do país, e sua Capital, seguirem sem um plano consistente, sem orçamento e sem compromisso real com a igualdade de gênero, o feminicídio continuará sendo não apenas um crime brutal, mas um retrato da negligência do poder público.

A Secretaria de Mulheres do PT do Capital tem que adotar uma luta clara contra o feminicídio e a violência contra as mulheres e levar essa proposta para o Congresso Nacional das Mulheres do PT.

TODAS AS MULHERES DEVEM SER INCLUÍDAS

As mulheres negras são as principais vítimas de feminicídio e violência no Brasil. Portanto não é possível discutir a questão da mulher sem uma forte integração com a secretaria de combate ao racismo.

No mercado de trabalho, as mulheres negras ocupam majoritariamente postos informais, de baixa remuneração e pouca valorização. Muitas vezes, são vistas apenas em funções subalternas, o que revela como o racismo e o sexismo se entrelaçam para limitar oportunidades e reconhecimento. A diferença salarial entre mulheres negras e homens brancos é uma das mais expressivas do país.

É preciso um compromisso coletivo de desconstruir os privilégios e preconceitos que sustentam o racismo e o machismo. Somente assim será possível transformar a realidade e garantir que todas as mulheres, independentemente da cor de sua pele, possam ter a oportunidade de viver com dignidade, respeito e liberdade.

As Mulheres Trans e Travestis no Brasil são marcadas por um contraste entre avanços legais e persistentes desafios sociais.

Apesar de conquistas significativas no campo dos direitos civis e da visibilidade, a população trans ainda enfrenta altos índices de violência, discriminação e exclusão social, o que revela a necessidade de políticas públicas mais eficazes e de uma mudança profunda nas estruturas de preconceito da sociedade.

Entretanto, esses progressos convivem com uma realidade alarmante de violência e exclusão.

O Brasil lidera, há anos, o ranking mundial de assassinatos de mulheres trans e travestis. O Estado de São Paulo lidera o número de assassinato no Brasil. Relatórios indicam que, em média, uma pessoa trans é assassinada a cada três dias no país. As vítimas são, em sua maioria, jovens, negras e em situação de vulnerabilidade econômica, a expectativa de vida dessas mulheres é de 35 anos. Essa violência é expressão de uma sociedade que ainda marginaliza corpos e identidades que fogem ao padrão cis normativo.

Além da violência física, há também a exclusão social e econômica.

A falta de oportunidades no mercado de trabalho e a discriminação no ambiente escolar contribuem para que muitas mulheres trans abandonem os estudos precocemente e encontrem no trabalho sexual uma das poucas formas de sustento. Esse cenário agrava sua exposição à violência, ao estigma e à vulnerabilidade social.

Na área da saúde, embora o SUS ofereça atendimento para procedimentos de afirmação de gênero, o acesso ainda é limitado e marcado por longas filas, falta de profissionais capacitados e preconceito institucional.

Mais do que leis e protocolos, é necessário promover uma mudança cultural que reconheça as mulheres trans como parte legítima da sociedade, com direitos iguais e respeito à sua identidade. A luta das mulheres trans no Brasil é, portanto, também uma luta por humanidade, igualdade e justiça social.

As Mulheres com Deficiência vivenciam cumulativamente desigualdades estruturais, violências e barreiras que comprometem sua saúde, autonomia, inserção social, econômica e pleno exercício da cidadania.

Apesar dos avanços em políticas de inclusão, as mulheres com deficiência ainda vivem uma realidade de invisibilidade social e de insuficiência de políticas públicas no Estado de São Paulo e na capital paulista. Essa negligência se manifesta de forma estrutural, afetando seu acesso à saúde, à educação, ao trabalho, à mobilidade urbana e à proteção contra violências — áreas onde a atuação do poder público deveria ser mais robusta e efetiva.

Na saúde pública falta atendimento especializado como, ginecologistas e obstetras capacitados para atender mulheres com deficiência física, intelectual ou neurodivergente; unidades de saúde adaptadas; políticas integradas para saúde reprodutiva, sexual e preventiva. Essa falta de preparo deixa muitas mulheres sem exames básicos, sem autonomia e sem garantia de cuidado digno. E, no entanto, o Brasil segue a tendência global de crescimento acelerado de diagnósticos de TEA e outros transtornos do neurodesenvolvimento

A dificuldade de formação, capacitação e de políticas específicas para as mulheres com deficiência, dificulta o ingresso no mercado de trabalho e as tornam dependentes de seus familiares.

Mulheres com deficiência têm maior risco de violências, e sofrem até sete vezes mais violência do que homens com deficiência, segundo dados do Atlas da Violência.

É provável que muitos casos não sejam denunciados, especialmente porque podem ter mais dificuldade de acessar serviços de denúncia ou sentir que não serão levadas a sério o que faz com que os dados oficiais subestimem a real dimensão do problema.

As Mães Neurodivergentes, aquelas que criam crianças com deficiências, transtornos do neurodesenvolvimento ou condições raras — enfrentam um conjunto de desafios profundos e muitas vezes invisíveis. Suas jornadas são marcadas por amor intenso, mas também por cansaço, dúvidas e uma força que nem sempre é reconhecida. Elas são a face invisibilizada da deficiência.

Segundo o estudo “Cuidando de quem cuida”, realizado pela Genial Care, 86% das pessoas cuidadoras de crianças autistas no Brasil são mães, evidenciando que a ausência da figura paterna se intensifica quando há neuro divergência na família.

Uma pesquisa conduzida com pais e mães de crianças com deficiência que fazem terapia em uma clínica de reabilitação neurofuncional de Belo Horizonte (MG) em 2022, mostra que apesar de a maioria das mães possuir ensino superior completo, 57,1% não trabalhavam. Esse fato corrobora com a máxima de que as mães acabam por abdicar de sua vida profissional em prol de cuidar do filho com deficiência

Embora existam políticas voltadas para pessoas com deficiência, muitas vezes o foco está no indivíduo com deficiência, e não no cuidador — especialmente a mãe. É urgente que o Estado e a Prefeitura de São Paulo não apenas prometam, mas executem essas políticas com eficiência e responsabilidade — reconhecendo que cuidar de uma criança atípica é uma tarefa socialmente valiosa, que merece apoio público real. Fortalecer essas mães é colocar a inclusão e a equidade no centro de uma sociedade mais justa.

EMPODERAMENTO DAS MULHERES

A emancipação econômica é crucial para a liberdade das mulheres

e ter poder de escolha sobre suas vidas e carreiras

É HORA DE TRANSFORMAR DISCURSOS EM POLÍTICAS, PROMESSAS EM AÇÕES E O SILÊNCIO EM COMPROMISSO COM A VIDA.

PRECISAMOS DE POLÍTICAS QUE PROMOVAM VIDA COM DIGNIDADE

A Secretaria Municipal de Mulheres do PT de São Paulo tem o desafio de representar todas as mulheres: negras, trans, travesti, lesbicas, CIS, deficientes, mães e tantas outras. E de fazer o enfrentamento a essa política de retirada de direitos e exclusão de políticas públicas para as mulheres na cidade de São Paulo. Para tanto, é necessário juntar esforços com o Diretório Municipal, a bancada de vereadores e vereadoras, e articular as demais secretarias e setoriais, mas principalmente com os Diretórios Zonais e os movimentos populares que são a força vital do PT na Capital, numa luta capaz de reverter esses desmontes.

Precisamos de uma Secretaria de Mulheres forte, enraizada nos territórios e com um plano de luta claro e ousado que fortalece a luta feminina na periferia que é onde as mulheres na sua maioria são protagonistas de suas famílias e também as que mais sofrem violência e desrespeito aos seus direitos.

Propomos que a Secretaria de Mulheres tenha como um dos seus principais focos o combate à violência, o feminicídio e o lesbocídio. Essa não deve ser uma pauta gênero feminina, mas uma pauta da sociedade. A violência de gênero compromete a democracia, afeta famílias, corrói vínculos sociais e perpetua desigualdades. Trata-se de um problema coletivo, e apenas com um esforço igualmente coletivo que inclua os homens de maneira ativa, consciente e responsável, será possível gerar mudanças duradouras.

A maioria dos agressores e autores de feminicídio e lesbocídio são homens. Ao envolvê-los no debate, cria-se a oportunidade de questionar padrões de masculinidade tóxicas que sustentam comportamentos violentos. Transformar a cultura que legitima essas práticas exige que os homens se reconheçam como parte do processo e como agentes de mudança.

Precisamos educar as novas gerações. Homens que discutem abertamente questões de violência, respeito e igualdade tornam-se referências positivas para crianças e adolescentes, contribuindo para a formação de identidades e relações mais saudáveis, que possam romper com padrões violentos que permeiam a masculinidade.

PROPOMOS um amplo seminário no 1º semestre de 2026 para debater a violência contra as mulheres, o feminicídio e o lesbocídio, com resolução de propostas de atuação e calendário de ações. Criação de comitês e núcleos nos DZ’s de combate à violência contra as mulheres, unificado com a Secretaria de Combate ao Racismo e LGBT.

O TRABALHO NECESSÁRIO E NÃO REMUNERADO DA MULHER

A luta por igualdade salarial sempre foi uma das principais pautas do movimento de mulheres. Mas precisamos fazer uma outra reflexão igualmente importante: O Trabalho do Cuidado Não Remunerado.

Esse Trabalho não remunerado é o que move o mundo, mas que, paradoxalmente, permanece invisível aos olhos da sociedade. Lavar, cozinhar, limpar, organizar, cuidar de crianças, idosos, pessoas com deficiência; quando falamos de acompanhar consultas, resolver problemas domésticos, administrar emoções, planejar cada detalhe da rotina — estamos falando de um trabalho gigantesco, o “trabalho de cuidado”. Um trabalho que não aparece nos contracheques, não conta para a previdência, não é reconhecido nas estatísticas, e raramente é valorizado.

Um trabalho indispensável, contínuo, exaustivo — e quase sempre realizado por mulheres, na maior parte das vezes por força moral, visto que é inaceitável socialmente uma mulher não cuidar da força de trabalho que vai reproduzir o sistema. Ele produz cansaço, solidão, e tem um custo muito alto para quem o realiza: impede ascensões profissionais, autonomia financeira e engajamento político.

Esses efeitos cumulativos ao longo da vida contribuem para a feminização da pobreza, um fenômeno que reflete o aumento da proporção de mulheres, especialmente aquelas que chefiam suas famílias, entre os mais pobres.

É de extrema importância a expansão de serviços públicos dessa rede que dá suporte ao cuidado como também a ampliação real da licença paternidade e a redistribuição das responsabilidades domésticas entre homens e mulheres, mas não basta.

É URGENTE O RECONHECIMENTO FORMAL DO TRABALHO DE CUIDADO. Não só com valorização e apoio, mas com REMUNERAÇÃO

Propomos que a secretaria de mulheres da capital de São Paulo faça esse debate e leve essa pauta para o Congresso Nacional de Mulheres do PT

A INSUFICIÊNCIA DA POLÍTICA DE COTAS NO PT

O PT foi pioneiro entre as legendas brasileiras ao adotar políticas de cotas de gênero em suas instâncias internas. O partido estabeleceu mecanismos para garantir a presença de mulheres em suas direções e candidaturas, em consonância com seu discurso histórico de defesa da igualdade e da justiça social. No entanto, apesar de avanços formais, a política de cotas para mulheres dentro do PT não tem alcançado plenamente seus objetivos de empoderamento e transformação real da estrutura de poder partidário.

Um dos principais problemas é que a presença feminina, embora assegurada numericamente, não se traduz em influência política efetiva. As mulheres ocupam espaços institucionais dentro das instâncias — como diretórios, setoriais e secretarias —, mas raramente conseguem romper a barreira que separa a representação simbólica da tomada real de decisões. O núcleo dirigente e as posições estratégicas do partido continuam dominados por homens, muitos deles com trajetórias políticas consolidadas desde a fundação do PT.

Representatividade efetiva importa!

Muitas vezes as regras são tratadas como mera exigência burocrática para a formação de chapas ou instâncias, sem mecanismos eficazes para garantir a efetiva participação das mulheres. Isso gera uma espécie de “inclusão de fachada”, em que a representatividade aparece nos números, mas não no cotidiano político do partido.

Outro ponto é a falta de acompanhamento e fiscalização do cumprimento das cotas, que são frequentemente desrespeitadas.

A dinâmica interna não favorece a ascensão de novas vozes femininas. Então mesmo quando as cotas asseguram vagas, as decisões sobre quem ocupará essas posições costumam ser tomadas em instâncias dominadas por homens, perpetuando uma lógica de “representação controlada”.

A política de cotas enfrenta também o desafio de articular diversidade dentro do próprio grupo das mulheres.

Tudo isso evidencia que a política de cotas, isoladamente, não é suficiente para corrigir desigualdades estruturais.

Sem uma mudança profunda na cultura política interna, sem o fortalecimento real das lideranças femininas, as cotas continuarão sendo um instrumento de inclusão formal necessário, mas insuficiente para promover a igualdade de gênero substantiva dentro do Partido.

O simples preenchimento de vagas não garante autonomia, preparo ou condições para disputar espaço em igualdade de condições. É necessário políticas complementares que assegurem a real participação das mulheres, como investimentos estruturais em formação política, financiamento e redes de apoio. Sem isso as cotas acabam funcionando como um mecanismo de inclusão simbólica.

2026: UM ANO IMPORTANTE PARA O BRASIL

A reeleição do presidente Lula é fundamental para continuar avançando na luta civilizatória e emancipadora da mulher. Precisamos derrotar o governo do Tarcísio de Freitas que ameaça o povo paulista e destrói as conquistas femininas.

Outra tarefa é eleger deputadas e deputados comprometidos com a pauta feminina.

Vamos organizar a base e fortalecer a Secretaria de Mulheres do PT-SP.

Companheiras, a nossa força está na nossa organização!

Ana Luisa Calvo Tibério – DZ Butantã
Angela Ramos da Silva Paula -DZ Santo Amaro
Asheley Angel Fernandes – DZ Cidade Tiradentes
Cleide Araujo da Silva Santos – DZ Cidade Tiradentes
Dea Zulu – DZ Brasilândia
Dina de Jesus Machado – DZ Itaquera
Janicleide Tanan Costa – DZ Centro
Joseli Aparecida Pereira da Silva – DZ São Mateus
Katia Regina dos Santos – Presidenta DZ Cidade Tiradentes
Libânia Molina de Souza – DZ Tatuapé
Ligia da Mata – DZ São Miguel
Margarete Gomes Valente – DZ Perus
Maria Rocha – DZ Capela do Socorro
Marinalva Brito – DZ Pirituba
Priscila Merchan Peinado Ramos – DZ Santo Amaro
Renata Paranhos de Souza – Presidenta DZ Cidade Ademar
Rita de Cássia Xavier Araujo – DZ Pirituba
Romilda Belém – Presidenta DZ Guainases
Silvia Elena S Barbosa – DZ São Miguel
Welita A Caetano Ribeiro – Presidenta DZ Centro
Wilsilene Cabral Chaves – Presidenta DZ Itaim Paulista

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