A crise da dívida pública no capitalismo atingiu o alerta de perigo para o sistema como um todo. As dívidas dos governos ao nível global estão em trajetória de crescimento e devem atingir patamares próximos de 100% do PIB global até 2029 e com risco de ultrapassar a crise pós-pandemia, podendo chegar a 117% em cenários negativos. Essa é a expectativa do FMI, que tem gerado preocupações entre economistas e governos ao redor do mundo.
A dívida pública dos EUA ultrapassou US$ 36 trilhões e continua a crescer. O país tem a maior dívida nacional em termos absolutos.
A dívida do Japão é uma das mais altas do mundo, mas o país tem conseguido mantê-la sob controle. O Japão (como muitos países) nunca se recuperou totalmente da crise da bolha imobiliária dos anos 90, resultando em baixo crescimento e deflação. A deflação persistente e os salários estagnados têm sido problemas contínuos.
A Grécia passou por uma crise de dívida severa, mas tem feito progressos na redução da relação dívida/PIB. Esta estava em 210% do PIB há 5 anos e hoje está em 150%, e não só isso, ano que vem deverá cair para 137% e ficar abaixo da Itália, segundo o FMI.
O maior gasto dos governos atualmente é com o pagamento dos juros e serviços da dívida, o que reduz a capacidade de investimentos que geram o crescimento e desenvolvimento econômicos. Além disso, perdem investimentos também os serviços públicos como os gastos em saúde, educação e infraestrutura, baixando a qualidade de vida da população e encarecendo os serviços de transportes.
A dívida pública pode financiar investimentos que impulsionam o crescimento econômico, mas também pode levar a problemas se não for gerenciada adequadamente. Ela pode ser eficiente se o crescimento econômico acompanhar. Por exemplo, se ela cresce 2% mas a economia cresce 3% não haverá problemas.
Outra solução para diminuir a dívida é cortar gastos ou aumentar receitas. Essa é a política defendida pelos neoliberais, que cortam os benefícios sociais como aposentadorias, saúde, educação e infraestrutura para sobrar mais recursos para pagar juros e serviços da dívida que aumentam mais a cada ano. A política do Robin Hood ao contrário, que tira dos pobres, da classe operária, para dar aos banqueiros que já são multibilionários.
Há ainda os que defendem aumentar as receitas do governo aumentando os impostos. Mas não aceitam aumento de impostos para as empresas monopolistas nem para seus proprietários, os burgueses imperialistas. Querem aumentar impostos para o consumo e para a classe trabalhadora, que já arca com a maioria dos impostos arrecadados. O correto seria que apenas as empresas de grande porte, os monopólios, pagassem impostos, principalmente o setor bancário, o maior vilão da exploração capitalista. E extinguir impostos sobre o consumo que penaliza fortemente os trabalhadores.
Ainda temos a opção da inflação, que pode ajudar a reduzir o peso da dívida, mas os bancos centrais estão lutando para mantê-la sob controle. A emissão de títulos da dívida pode influenciar a inflação e as taxas de juros, o que pode afetar o poder de compra e os investimentos.
O mais importante não é o valor absoluto da dívida, mas sim a relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB). Se o governo aumentar a receita através da emissão de títulos, aumentando a dívida e aumentando a inflação, e esses recursos forem aplicados para gerar crescimento econômico, como, por exemplo, aumentar a renda dos trabalhadores que irá repercutir no aumento da procura por bens e serviços na economia, isso irá gerar aumento da produção devido ao aumento da procura. Assim, o aumento da dívida com inflação fará a economia crescer compensando o aumento da dívida e inflação.
É esse o motivo dos Bancos Centrais não permitirem o aumento da inflação, aumentando sucessivamente a taxa de juros (Selic) em patamares altíssimos, principalmente no Brasil. O neoliberalismo não permite investimentos produtivos, e privilegiam o aumento dos juros para aumentar as receitas financeiras, transferindo a maioria dos lucros e salários para o setor financeiro em prejuízo das indústrias e da classe trabalhadora.
É preciso quebrar esse ciclo vicioso onde apenas o setor financeiro aumenta seus lucros, e permitir desenvolvimento econômico com aumento da receita do setor produtivo e dos salários a médio e longo prazo.
Para isso é necessário que a classe trabalhadora se movimentem pressionando os governos auditem, não paguem a dívida, e ainda nacionalizem todo o sistema financeiro e bancário. Aumentando os investimentos em benefícios sociais, infraestrutura e no setor produtivo através do aumento da renda da classe trabalhadora que irá impulsionar o crescimento econômico.
Sem isso, o sistema capitalista caminhará cada vez mais para a bancarrota geral, abrindo o caminho para processos revolucionários em todo o globo terrestre, coisa que já começamos a assistir no sudeste asiático e na África do Sahel.