Uma professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) denunciou que a eleição para a reitoria está sendo alvo de manobras após a Comissão Eleitoral Central (CEC) decidir pela cassação da chapa que terminou em primeiro lugar no primeiro turno. Segundo o relato, a medida foi adotada sob acusação de “fake news” e desencadeou uma crise no processo eleitoral.
Segundo informações apuradas por este Diário, a candidata Alessandra ficou na frente no primeiro turno, com 24% dos votos. Na sequência, teria ficado um ex-diretor do campus Nilópolis e, em terceiro, o candidato Fernando, ligado à UP, com diferença aproximada de 0,3% entre o segundo e o terceiro colocados — ambos na casa de 20%.
A cassação teria sido motivada por uma mensagem divulgada em um grupo de WhatsApp por uma terceira pessoa, na qual se afirmava que Fernando teria sido acionado pela Lei Maria da Penha em 2017 por agressão contra a ex-esposa. A denúncia aponta que não haveria base para atribuir a publicação à chapa de Alessandra, mas que, mesmo assim, a CEC teria aplicado a punição, retirando do processo a candidatura mais votada no primeiro turno.
Ainda segundo o relato, haveria disputa pelo controle da Comissão Eleitoral Central, com pressão interna sobre integrantes do colegiado e esvaziamento de posições contrárias, até que o grupo ligado ao candidato Fernando passasse a comandar a CEC. A professora afirma também que a situação se deteriorou a ponto de a comissão não indicar um presidente formal, operando como “corpo colegiado”.
No mesmo relato, é mencionado que a atual reitoria é chefiada por Rafael Almada (PT) e que Alessandra seria vista como candidatura de continuidade.
Confira a denúncia na íntegra:
GOLPE NO PROCESSO ELEITORAL DO IFRJ
O Instituto Federal do Rio de Janeiro passa por um processo eleitoral para eleger os cargos de reitor e diretores-gerais para os próximos 4 anos. A Comissão Eleitoral Central (CEC) vem tomando uma série de decisões que ignoram entendimentos jurídicos consagrados e vão claramente na direção de tentar reverter o resultado que a comunidade já decidiu nas urnas, em que a candidata injustiçada, Professora Alessandra Paulon, foi para o 2º turno em primeiro lugar, sendo a única mulher candidata ao pleito. O candidato que não foi para o segundo turno cria um denuncismo infundado, que atravessa o processo eleitoral do IFRJ. Essa atitude da CEC ultrapassou qualquer limite razoável e virou um ataque direto à democracia do IFRJ.
Alguns dos passos da INJUSTIÇA
- As denúncias centraram-se em postagens feitas por terceiros, que não apresentaram materialidade, ou seja, não comprovaram qualquer vinculação direta e objetiva da candidatura da Professora Alessandra Paulon às referidas postagens. Trataram-se de situações isoladas, com iniciativas próprias, que, tão logo foram questionadas pela CEC, foram prontamente respondidas, inclusive por parte dos autores, isentando nossa candidatura de qualquer vinculação.
- Indiferentes às justificativas apresentadas pela candidata, a CEC suspendeu o calendário eleitoral, o que abriu espaço para prolongar artificialmente o processo de consulta e gerar instabilidade no processo de consulta, bem como intranquilidade na comunidade. Isso é um rompimento da normalidade institucional.
- Soma-se a isso as inúmeras contradições internas e externas à própria CEC, que culminaram com a saída de duas presidências da referida Comissão – uma por destituição e uma por renúncia – além da redução da representatividade dos segmentos na Comissão.
- Diante desse quadro, arbitrariamente, a CEC sequer aguardou a defesa da candidata e optou por uma advertência pública e pela cassação da candidatura.
- A Professora Alessandra Paulon, a todo momento, apresentou todos os esclarecimentos e as materialidades possíveis que atestavam a improcedência das denúncias.
Essa decisão inviabiliza a plena continuidade da consulta pública, eliminando a possibilidade da candidata concorrer ao segundo turno. Este episódio trata de violência política contra uma mulher. Querem retirar da comunidade do IFRJ o direito democrático de escolher a primeira reitora do IFRJ. É um ataque direto à candidatura de uma mulher e à democracia institucional do IFRJ.