Durante a inauguração de um novo equipamento de radioterapia no SUS, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (11), que o país não pode aceitar que brasileiros tenham tratamentos de saúde diferentes conforme sua condição econômica. Em um discurso marcado pela defesa da igualdade e por críticas à condução da pandemia de Covid-19 no governo anterior, Lula reiterou que políticas públicas devem garantir direitos básicos a toda a população.
O presidente destacou que o novo acelerador linear entregue terá o mesmo padrão utilizado nos melhores hospitais do mundo. “Se o Papa precisar fazer radioterapia, ele vai utilizar essa mesma máquina que vocês vão utilizar. O que que significa isso? Significa que todos nós, dos mais humildes aos mais importantes, tem que ter os mesmos direitos e as mesmas oportunidades. Significa que uma sociedade humana que a gente quer criar, ela não pode ter as pessoas de primeira classe que tem tudo e as pessoas de segunda classe que não tem nada.”
Ele criticou desigualdades que obrigam pessoas de baixa renda a enfrentar longas esperas ou deslocamentos para obter atendimento, enquanto outros conseguem viajar para se tratar fora do país. “Ela não pode ter uma pessoa que pode gastar uma passagem de avião para ir fazer um tratamento em outro país e ao mesmo tempo deixar morrer as pessoas pobres que trabalham nesse país, morrendo por falta de tratamento de uma máquina. O que está acontecendo aqui hoje é uma coisa que eu disse no meu primeiro discurso quando eu fui eleito presidente em 2003. Vocês estão lembrados do que eu disse? Se ao terminar o meu mandato, cada brasileiro ou brasileira estiver tomando o café da manhã, almoçando ou jantando, eu já terei cumprido a missão da minha vida.”
Lula também afirmou que a população deseja mais do que alimentação básica. “Mas, obviamente que o povo não quer só comida. O povo quer mais coisa. O povo quer ter um bom emprego. O povo quer ter um bom salário. O povo quer ter uma boa saúde. O povo quer ter uma boa casa. O povo quer se vestir bem. Ninguém gosta de ser pobre. Ninguém é pobre por opção. Eu não conheço ninguém, Dom Marcos, que diz, ah, eu nasci, mas eu quero ser pobre. Não conheço ninguém. Não conheço ninguém.”
O presidente defendeu que trabalhadores de todas as áreas devem ser tratados com dignidade. “E o que nós estamos fazendo aqui é dizendo, esse país não vai tratar as pessoas mais humildes. Os trabalhadores, as professoras, os comerciários, os cientistas de ponto de gasolina, os metalúrgicos do Jovo Levade e do Brasil inteiro, as comerciárias, os advogados, a classe média brasileira não pode ser tratada como se fosse cidadão de cidadã de terceira classe. Nós temos direitos garantidos na Constituição.”
Ele afirmou que cabe ao governo assegurar esses direitos. “Portanto, o papel do governo é cumprir aquilo que diz a Constituição. Todos nós somos iguais perante a lei, perante a Organização Mundial da Saúde, perante a Bíblia e perante as Nações Unidas. Então, o que nós estamos fazendo é dizendo para vocês, esse país nunca mais, nunca mais, terá um presidente que deixou morrer a quantidade de gente que morreu por conta da corrida desse país.”
Lula voltou a criticar o comportamento do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia. “Nunca mais. Porque, se eu fosse presidente da República naquela época, e o Padrinha fosse Ministro da Saúde, eu duvido que a gente não tivesse salvo 70% ou 80% daquelas pessoas que morreram por falta de vergonha e de responsabilidade de um presidente que ficava na televisão imitando as pessoas que estavam por Covid, tossindo e zombando da saúde das pessoas que morreram nesse país. Eu duvido.”
Ele reforçou a necessidade de reconstruir políticas públicas e combater a desinformação. “Vocês viram a experiência de que destruir é muito simples. Falar mal dos outros é muito simples. Contar mentiras com o celular é muito simples. Agora construir é muito difícil.”
Ao final, Lula afirmou que a ampliação do acesso a tratamentos oncológicos é parte do compromisso do governo com a igualdade. “O que nós estamos fazendo aqui é dizer para vocês, mulheres e homens, trabalhadores e trabalhadoras do país, vocês terão agora um tratamento ecológico igual qualquer pessoa rica desse país vai ter. Vocês não morrerão mais por falta de respeito, nem por falta de tratamento.”
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