A conversa sigilosa entre Lula e Maduro sobre “paz na América do Sul”

Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e do Brasil, Lula. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O Palácio do Planalto confirmou que o presidente Lula conversou por telefone com seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, na semana passada para tratar de “paz na América do Sul e no Caribe”. A ligação não apareceu na agenda oficial e só veio à público após reportagem do jornal O Globo.

A conversa ocorreu em meio à maior tensão geopolítica da região. Desde agosto, o governo de Donald Trump tem deslocado porta-aviões, caças e navios militares para o Caribe sob a justificativa de combater o narcotráfico, movimento interpretado como pressão direta sobre o regime de Maduro.

O Brasil busca evitar uma escalada e tenta abrir diálogo com os EUA sobre o tema. Segundo o Planalto, Lula tem defendido a mediação e já abordou o assunto com Trump em dois contatos recentes, incluindo o encontro na Malásia e uma ligação em 2 de dezembro.

Em outubro, Lula afirmou que “se o mundo virar uma terra sem lei, vai ficar muito difícil” e argumentou que disputas territoriais não podem ser resolvidas por ações unilaterais. “Onde é que vai surgir a palavra respeitabilidade à soberania dos países?”, disse.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP

Lula sugeriu que os EUA adotem alternativas diplomáticas e cooperem com as polícias e ministérios da Justiça de países latino-americanos. Ele também afirmou que pretende discutir o tema diretamente com Trump se o americano colocar o assunto na mesa. O Brasil tenta se posicionar como interlocutor para evitar que a crise se transforme em conflito aberto.

A situação se agravou na primeira semana de dezembro, quando os EUA apreenderam um navio petroleiro venezuelano próximo à costa do país, ação considerada inédita e vista por analistas como possível ato hostil. Trump declarou que Washington tem planos de contingência para substituir Maduro e não descartou o uso de tropas.

Maduro acusou os EUA de promoverem uma escalada militar “justificada por mentiras”. Ele afirmou que convocará milicianos para reforçar a defesa e ressaltou que a Venezuela está em seu “direito legítimo de defesa”. Para Caracas, a apreensão do navio representa uma agressão direta.

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