As deputadas federais do PSOL Sâmia Bomfim (SP) e Fernanda Melchionna (RS) acionaram o Ministério Público Federal, nesta quarta-feira 10, para apurar uma suposta ocultação de perfis de esquerda após o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupar a cadeira da presidência da Câmara, na terça 9. A representação mira a Meta, empresa responsável pelo Instagram, e também é endossada pela Federação Nacional dos Jornalistas e por outras três entidades.
O chamado “shadowban” ocorreu de forma generalizada em perfis de políticos de esquerda após Glauber ocupar a Mesa Diretora da Câmara em protesto contra a tentativa de cassar seu mandato. Contas de personalidades sem relação com o episódio também sofreram limitações, a exemplo do perfil do presidente Lula (PT).
“A gravidade dessa situação se desdobra na possibilidade de que tais bloqueios cerceiem indevidamente a liberdade de expressão de incontáveis pessoas, uma extensão que as plataformas não dão a conhecer”, diz a representação ao MPF. “Tais medidas podem produzir efeitos políticos imediatos, ao afetarem o debate público, limitarem o acesso a informações essenciais e comprometerem a integridade do processo democrático.”
No documento, os signatários pedem ao Ministério Público que abra um inquérito para investigar o caso e que a Meta seja instada a prestar esclarecimentos. Querem saber, por exemplo, se houve alguma moderação de conteúdo e qual critério foi seguido.
Além disso, demandam que a empresa justifique o ocorrido, cite se há alguma política que embase o mecanismo e se existe um canal para usuários entrarem em contato a fim de relatar eventuais restrições.
Integrantes da equipe de comunicação do PT chegaram a se reunir com representantes da Meta na quarta-feira para relatar os problemas. Em resposta, ouviram da companhia liderada por Mark Zuckemberg que o problema seria técnico, restrito ao sistema de busca de contas, e atingiria perfis de diferentes espectros políticos. O partido, porém, identifica viés ideológico no incidente.