
A Polícia Federal intimou o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para prestar depoimento na próxima quarta-feira (17). Ramagem é investigado por suposto esquema de espionagem ilegal de autoridades dos Três Poderes. O depoimento acontecerá na superintendência da PF no Rio de Janeiro, e servidores da Abin também serão ouvidos na mesma semana.
A PF busca esclarecimentos do bolsonarista sobre elementos descobertos durante a Operação Última Milha. Durante a investigação, os agentes encontraram no computador de Ramagem um áudio de 1h08, possivelmente gravado por ele, no qual o então presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e possivelmente a advogada do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) discutem supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal.
Esses auditores elaboraram um Relatório de Inteligência Fiscal que deu início à investigação contra Flávio Bolsonaro, conhecido pelo caso da rachadinha.
Os investigadores acreditam que o áudio sugere o uso da estrutura da Abin para retaliar os auditores que investigaram Flávio. Além disso, a PF encontrou mensagens entre Marcelo Bormevet, policial federal, e Giancarlo Gomes Rodrigues, militar, que mencionam ordens ilegais de alguém referido como “mestre” ou “chefe”.

Ambos trabalharam na Abin durante a gestão de Ramagem e foram presos na fase mais recente da operação, realizada na última quinta-feira (11). As provas indicam que “mestre” possivelmente se refere ao ex-diretor e que as ações clandestinas visavam obter vantagens políticas por meio de ataques a opositores, instituições, sistema eleitoral e outros alvos.
Em resposta às acusações, Ramagem postou nas redes sociais negando qualquer irregularidade durante sua gestão na Abin. Ele afirmou que o sistema israelense FirstMile, contratado pela Abin, não foi utilizado para monitoramentos ilegais e que as autoridades citadas não foram espionadas.
“A aquisição foi regular, com parecer da AGU, e nossa gestão foi a única a fazer os controles devidos, exonerando servidores encaminhando possível desvio de uso para corregedoria. A PF quer, mas não há como vincular o uso da ferramenta pela direção-geral da Abin”, explicou.
Por fim, o deputado bolsonarista também criticou os investigadores, alegando que eles “desprezam os fins de uma investigação, apenas para levar à imprensa ilações e rasas conjecturas”.