Para esconder seu fracasso, Trump quer invadir a Venezuela, por Armando Coelho

Para esconder seu fracasso, Trump quer invadir a Venezuela

por Armando Coelho Neto

Existem vários partidos políticos nos Estados Unidos, mas na prática a batalha política reside no Fla-Flu entre os partidos Republicano e Democrata. De qualquer forma, estão legalmente registrados os partidos Libertário, Verde, Constituição e ainda o Partido Comunista (marxista-leninista), fundado em 1919. Nenhum desses, porém, tem expressão e ou representação em nível estadual ou federal.

Ainda que distantes das grandes decisões, estão presentes nas grandes discussões em suas pequenas rodas. Às vezes, com ativistas capazes de incomodar o pensamento dominante. Richard David Wolff, por exemplo, é um economista marxista americano, professor emérito de economia na Universidade de Massachusetts Amherst, está entre essas pedras nos sapatos da Casa Branca.

Com quase 5 mil seguidores (diversas plataformas), Wolff tem feito análises contundentes sobre a decadência do império estadunidense, desmascarando, segundo ele, “as mentiras e ilusões do capitalismo americano”. No momento Donald Trump, ele diz que o país está vivendo uma crise estrutural disfarçada de sucesso, economia inchada, com traços de bolha financeira prestes a estourar.

Trump está financiando seu populismo com o corte de impostos para bilionários, aumento de gastos militares. Insiste em falar de prosperidade que não atinge o trabalhador, o qual precisa de dois empregos para pagar o aluguel. O lucro, porém, tem ido para as corporações e fundos de investimento, favorecidas com bilionários cortes de impostos. Aumento de tarifas? Quem paga é a classe média.

Há um colapso silencioso, que os apoiadores de Trump se recusam a admitir. O modelo econômico americano está falhando, enquanto a mídia finge normalidade. Nas manchetes há destaque para um suposto crescimento, empregos recordes, mercado forte. Entretanto, mais de 60% dos americanos vivem de salário, a dívida estudantil passa 1,7 trilhão de dólares e o custo de vida dispara a cada mês.

Trump e seus aliados dizem que a América foi roubada pela China, pelo México, pelos imigrantes. O que está destruindo os Estados Unidos, diz o economista, não é o estrangeiro, mas sim o sistema interno. As corporações terceirizaram empregos, os bancos financiaram dívidas impagáveis e o governo, em vez de corrigir o rumo, despeja trilhões em pacotes de resgate e cortes de impostos. Colapso à vista!

O colapso dos EUA não terá tanques nas ruas, mas aparecerá na conta de luz, dos cartões de crédito, nas despesas das famílias. A classe média não vai conseguir comprar sequer a comida que comia há um ano. O trabalhador americano sabe que está mais pobre trabalhando mais. Números são manipulados, mas o cidadão comum sente o peso. É falso o “Nunca estivemos tão fortes”, dito por Trump.

Há um fenômeno parecido com o Brasil. O desemprego caiu porque milhões de americanos aceitaram trabalhos precários de meio período, sem benefícios, sem estabilidade. Empregos que nos anos 1970 eram considerados subemprego, agora são celebrados como prova de recuperação. As empresas usaram o dinheiro barato para gerar lucros e não empregos. Recompram suas próprias ações.

Com salários estagnados por duas décadas, a produtividade subiu, mas o trabalhador não viu um centavo a mais. Diante das críticas, Trump diz que os socialistas querem destruir o sonho americano. O sonho americano virou pesadelo para a maioria, afirma Wolff. O colapso adiado é uma bomba-relógio prestes a explodir, com uma dívida federal que já ultrapassou os 34 trilhões de dólares.

A dívida é gigante. O tesouro americano gasta mais com juros do que com educação ou infraestrutura. Na prática, pegando empréstimos para pagar juros de empréstimos anteriores. É como um cartão de crédito que nunca é quitado, apenas refinanciado. Nem Biden, nem Trump, nem o Congresso têm coragem de admitir a bancarrota, que o país está a caminho falência do dólar – o coração do império.

Sonho e pesadelo juntos, o drama de Trump tem paradoxos e semelhanças com o de Lula. Ambos comemoram subempregos e premiam mais ricos. Tanto lá quanto cá o endividamento dos pobres é crescente. De um lado Trump tem o Congresso, mas faz cortes na área, gasta mais com armas do que no combate à fome. Já Lula, à míngua de votos, tenta ampliar e restaurar programas sociais. Vai entender!

Donald Trump é um ditador que impõe sua tirania contra países mais pobres. Para esconder o seu fracasso, quer atacar a Venezuela. Falta coragem à mídia que o bajula para dar a ele o mesmo tratamento que dá a Nicolás Maduro.

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

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