A Procuradoria-Geral de Honduras expediu, nesta segunda-feira (8), uma ordem de captura internacional contra o ex-presidente Juan Orlando Hernández, poucos dias após ele ter sido libertado nos Estados Unidos em razão de um indulto concedido pelo presidente Donald Trump.
Em mensagem publicada na rede X, o procurador-geral Johel Zelaya informou que instruiu a Agência Técnica de Investigação Criminal (ATIC) e outras forças de segurança hondurenhas a atuar na localização e prisão de Hernández. O pedido inclui cooperação com a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol).
O ex-presidente é acusado no caso conhecido como Pandora II, que envolve crimes de lavagem de ativos e fraude relacionados ao desvio de recursos do Estado para financiar campanhas políticas em 2013. O processo atinge, além de Hernández, ex-deputados, empresários e outros envolvidos.
“Fomos dilacerados pelos tentáculos da corrupção e por redes criminosas que marcaram profundamente a vida do nosso país”, escreveu Zelaya, ao vincular a medida à política de combate à corrupção anunciada em sua gestão. O anúncio ocorreu na véspera do Dia Internacional contra a Corrupção, lembrado em 9 de dezembro.
Juan Orlando Hernández foi condenado, em 2024, por um tribunal federal de Nova Iorque, a 45 anos de prisão, sob acusação de facilitar a entrada de mais de 400 toneladas de cocaína em território norte-americano e de associação ao tráfico de armas. O indulto presidencial, assinado por Trump em 1º de dezembro, extinguiu a pena e permitiu sua libertação.
A decisão foi criticada por parlamentares dos partidos Republicano e Democrata, que apontaram contradição entre o perdão a um condenado por tráfico de drogas e a política declarada de endurecimento contra o narcotráfico na América Latina, utilizada para justificar operações militares e ataques a embarcações no Caribe.
Após o indulto, a esposa do ex-presidente, Ana García de Hernández, declarou que o casal não retornaria a Honduras de imediato “por motivos de segurança” e que ele se encontra em “lugar seguro” nos Estados Unidos. Com a ordem de captura emitida pela Procuradoria, Hernández volta a ser formalmente alvo da Justiça hondurenha enquanto permanece em território norte-americano.