O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), declarou nesta segunda-feira (8) seu apoio à pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República em 2026, anunciada na última sexta-feira (5) pelo próprio filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O gesto, em evento em Diadema, no ABC Paulista, marca o primeiro pronunciamento público de Tarcísio sobre o tema.
O governador, que era cotado por setores da centro-direita para assumir o posto de principal nome da oposição em 2026, reiterou sua fidelidade a Bolsonaro, atualmente preso por tentativa de golpe de Estado e inelegível até 2030.
“Sempre disse que eu ia ser leal ao Bolsonaro, que eu sou grato ao Bolsonaro, eu tenho essa lealdade e é inegociável“, destacou Tarcísio.
Ele confirmou ter conversado com Flávio antes do anúncio e garantiu suporte ao senador. “Sobre a escolha que o Bolsonaro fez em nome dele [Flávio], é isso, o Flávio vai contar com a gente“, afirmou o governador.
Oposição e a ‘grande responsabilidade’
Apesar do apoio, Tarcísio sinalizou que o campo da direita e oposição deve ter mais nomes à disposição para a disputa. Ele avaliou que Flávio, com a decisão do pai, passa a ter uma “grande responsabilidade“.
“Flávio tem uma grande responsabilidade. A partir de agora ele se junta a outros grandes nomes da oposição que já colocaram os seus nomes à disposição”, disse Tarcísio, citando como alternativas os governadores Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Ratinho Jr. (PSD-PR).
Segundo o governador, a candidatura de Flávio exigirá “projeto, esforço” e “liderança” para debater os problemas estruturais do Brasil, como desigualdade social e crise fiscal. “O Flávio agora se apresenta para fazer parte, para liderar, para encabeçar esse projeto. Para isso vai contar com o nosso suporte“, completou.
Repercussão e falta de estratégia
A pré-candidatura de Flávio Bolsonaro já causa ruído no meio político. Aliados do ex-presidente classificaram como “desastrosa” a afirmação do senador de que teria um “preço” para desistir da disputa. “Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim e eu tenho um preço para isso, que eu vou negociar. Eu tenho um preço“, declarou Flávio no domingo (7).
A fala expõe a falta de estratégia do clã e sugere uma possível negociação política em 2026, possivelmente ligada à anistia ou indulto do ex-presidente.
Apesar da iniciativa dos Bolsonaro, a centro-direita não demonstra intenção de apoiar Flávio e articula a construção de um nome alternativo para a Presidência, acelerando o movimento após a indicação do senador.
Tarcísio, mercado e autonomia
A manifestação de Tarcísio ocorre após o anúncio de Flávio ter gerado instabilidade no mercado financeiro, com alta do dólar e queda da bolsa. O governador não respondeu a perguntas sobre a reação do mercado nem sobre a demora em se posicionar, preferindo focar em temas de sua gestão.
Antes da prisão de Jair Bolsonaro e do lançamento do filho, Tarcísio vinha sendo apontado por dirigentes como a principal alternativa da centro-direita, sendo interpretadas como sinais de sua disposição em concorrer.
No entanto, após a conclusão do processo contra o ex-presidente no STF, que confirmou a prisão, Tarcísio afirmou estar “fora do bolo” de possíveis candidatos. Aliados consideraram a indicação de Flávio como uma humilhação ao governador, expondo sua falta de autonomia política.
Perguntado sobre uma pesquisa Datafolha que o coloca em melhor posição que Flávio em um cenário contra Lula (PT), Tarcísio foi evasivo: “Isso a gente vai avaliar com o tempo, está cedo. A gente tem tempo de maturação“, respondeu.