A FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) convocou uma Greve Nacional Unificada por tempo indeterminado a partir do dia 15 de dezembro, em reação a “enrolação” da Petrobras nas negociações do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) 2025-2026. A mobilização da categoria petroleira busca pressionar a direção da companhia a apresentar uma proposta que atenda às suas reivindicações, acusando a administração de priorizar acionistas em detrimento dos trabalhadores.
A decisão, tomada após reunião da diretoria da FNP nesta última terça-feira (2), será submetida à ratificação em assembleias a serem realizadas entre 03 e 11 de dezembro nas bases sindicais filiadas, entre elas Rio de Janeiro, Litoral Paulista e o Sindipetro PA/AM/MA/AP.
A FNP afirma que a greve é a resposta contundente da categoria à postura de desrespeito da gestão da Petrobras e de suas subsidiárias. “O caminho para a greve sempre esteve no nosso horizonte, pois percebemos e alertamos em nossos materiais que a farsa estava se armando nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho,” destacou a diretoria, criticando o fatiamento das tratativas em “comissões temáticas.”
Os petroleiros argumentam que, desde julho de 2025, a Petrobras detém a proposta detalhada da categoria, mas que as contrapropostas apresentadas foram “risíveis”, ignorando as justas reivindicações e, em alguns pontos, atacando direitos já consolidados. A companhia utiliza a retórica do preço do barril de petróleo Brent como pretexto para não reconhecer o esforço dos trabalhadores que continuam a gerar lucros recordes.
Com o lema “Menos acionista, mais ACT!”, os petroleiros exigem uma proposta financeira compatível com os lucros bilionários da empresa, que reponha as perdas salariais acumuladas nos governos Temer e Bolsonaro e garanta um aumento real.
Reivindicações
A pauta de reivindicações que justifica a urgência da paralisação é extensa. Além do reajuste financeiro e da exigência de um ACT com vigência de um ano (2025-2026) e ultratividade, cobram soluções para o setor offshore e o fim dos ataques na questão dos “desimplantes.” Também constam na pauta o reajuste na tabela da hora extra troca de turno, a criação de uma tabela salarial única para toda a categoria, incluindo holding, subsidiárias, ativos e aposentados, e avanços na pauta do teletrabalho.
Outros pontos cruciais incluem o pagamento das dívidas da Petrobras com a Petros, o retorno do PJU (Programa Jovem Universitário) com reembolso, o fim dos problemas constantes referentes aos embarques e a implementação do regime 14×21 para todos os embarcados, próprios e terceirizados. Os petroleiros também querem o destravamento da discussão sobre o novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários, a reversão da mudança na área de SMS que imporia uma escala de 6×1 para médicos e dentistas, o combate à terceirização e o fim do processo de privatização da PBIO. Por fim, exigem isonomia alimentar, com a concessão de vale-alimentação para as unidades que possuem alimentação in natura (industrial e offshore).
Preparação: vigília e assembleias
Como parte da agenda de luta, a partir do próximo dia 11, o Sindipetro-RJ dará início a uma vigília em frente ao Edisen (Edifício Senado), no centro do Rio de Janeiro, para cobrar uma solução definitiva para os equacionamentos da Petros, que exigem aporte financeiro da patrocinadora.
Até o próximo dia 11 serão realizadas assembleias e a FNP está convocando a organização de um comando unitário de greve pela base para coordenar o movimento.
De acordo com o dirigente do Sindipetro RJ André Bucaresky, são quase seis meses de negociação infrutífera do novo ACT que culminaram nesta resposta à gestão da presidente Magda Chambriard, que tem privilegiado a distribuição de dividendos bilionários e ignorado o diálogo com os trabalhadores.
“Os petroleiros alertam que não aceitarão promessas vazias em troca da suspensão da greve e que a paralisação será mantida até que haja uma contraproposta que atenda às reivindicações. A categoria está mostrando que não vai aceitar as arbitrariedades da empresa e do governo que querem impor arrocho aos trabalhadores para garantir os lucros aos acionistas”, reafirma Buca.
Desde esta última quarta (3), o dirigente tem conduzido assembleias no Aeroporto de Maricá, local de embarque e desembarque de plataformas, com quase totalidade dos votos nas assembleias a favor da greve por tempo indeterminado.