Levante Mulheres Vivas: 7 de dezembro foi só o começo!

O domingo, 7 de dezembro, mostrou que a paciência das mulheres trabalhadoras do Brasil acabou. De São Paulo à Amazônia, das capitais às cidades do interior, milhares de mulheres marcharam ao lado de companheiros de luta para dizer basta ao feminicídio. A imagem da Avenida Paulista tomada por cerca de dez mil pessoas foi o símbolo mais visível da revolta que atravessou o país inteiro, mas não foi exceção: houve caminhadas, vigílias e concentrações em mais de vinte estados, em Salvador, Belo Horizonte, Rio, Fortaleza, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Belém e em dezenas de outras cidades menores, todas com a mesma marca de classe que a imprensa tenta esconder: a nossa luta nasce de baixo, das mulheres que mais sofrem a violência e que sabem que ninguém vai salvar nossas vidas além de nós mesmas.

As manifestações revelaram o que a burguesia e seus governos se esforçam para mascarar: o feminicídio não é um desvio moral, é produto direto do capitalismo brasileiro, onde a violência explode justamente nos territórios mais abandonados pelo Estado. É nas periferias, nos bairros pobres, onde vivem majoritariamente as mulheres negras, que a violência se torna regra. Sem emprego, sem renda, sem creche, sem casas-abrigo, sem Centros de Referência funcionando e sem acesso real à justiça, a violência deixa de ser ameaça e se torna sentença. É uma violência material, cotidiana, sistêmica — parte da engrenagem que sustenta este sistema de exploração.

Ato em Belo Horzonte neste 7 de dezembro

Os atos também evidenciaram a hipocrisia dos governos. Enquanto Lula, Tarcísio, Zema e companhia disputam discursos emocionados nas redes sociais, seguem governando para os ricos, cortando orçamento, fechando serviços, sucateando equipamentos de proteção, negociando nossos direitos com o Centrão e empurrando para a polícia a tarefa de “resolver” o que eles mesmos alimentam com abandono e austeridade. Não temos nenhuma confiança nesses governos. Se ficarmos esperando por eles, continuaremos enterrando mulheres todas as semanas. A cada nova promessa vazia, a realidade se impõe: este Estado governado pelos patrões não tem compromisso com nossas vidas.

Um elemento importante do 7 de dezembro foi a presença de homens trabalhadores que compreenderam que a luta contra o feminicídio é luta de classe. É parte da batalha contra a barbárie capitalista. A violência atravessa nossos locais de trabalho, nossas famílias, nossas escolas e universidades. Por isso, a tarefa urgente é politizar esse debate entre nossos companheiros, enfrentar o machismo com firmeza e construir unidade real entre homens e mulheres da classe trabalhadora para combater essa ideologia de opressão que serve à exploração.

As entidades de classe em geral precisam estar à altura deste momento. É hora de as centrais sindicais, movimentos de moradia, organizações estudantis e de juventude tomar esta pauta e levá-la para dentro de suas bases, transformando indignação em força organizada. A CSP-Conlutas, que em junho aprovou uma campanha nacional emergencial contra os feminicídios, precisa seguir impulsionando com ainda mais energia esse processo, ajudando a organizar assembleias, plenárias, debates nos locais de trabalho, mobilizações nos bairros populares e iniciativas de denúncia e pressão por verbas e políticas públicas de proteção. O 7 de dezembro mostrou que há disposição nas ruas — o que falta é transformar essa energia em organização de base permanente.

A Secretaria de Mulheres do PSTU seguirá impulsionando a construção dessa resposta de baixo para cima. O Levante Mulheres Vivas mostrou um caminho fundamental: quando nos levantamos coletivamente, com independência de classe e confiança na nossa força, abrimos brechas reais para enfrentar a violência e a opressão. Chamamos todas as trabalhadoras, jovens, mães, imigrantes, mulheres negras — e todos os companheiros que entendem a gravidade desta luta — a manter o espírito do dia 7 de dezembro vivo nas ruas, nos locais de trabalho, nas escolas, nas periferias, organizando comitês, fortalecendo mobilizações e construindo uma alternativa revolucionária para derrubar o sistema que alimenta a violência contra as mulheres.

Contra o feminicídio e contra a barbárie capitalista, seguiremos firmes na luta — porque só a classe trabalhadora organizada pode mudar tudo.

 

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