É inacreditável a quantidade de bobagens divulgadas sobre relações de advogados com autoridades.
Grandes escritórios de advocacia têm uma infinidade de clientes. São clientes, não cúmplices e parceiros de crimes.
O caso Master e as infiltrações do PCC na Faria Lima demandam reportagens investigativas profundas. Em vez de se dedicarem aos temas nobres, a mídia se especializou em buscar “coincidências”, e das mais estapafúrdias.
Tome-se o caso da desembargadora Solange Salgado da Silva, que soltou Vorcaro, do Master. Os gênios da coincidência descobriram que em 2010, quando estourou um escândalo na AJUFE (Associação Nacional dos Juízes Federais), Solange, presidindo a entidade, teve como advogada Pierpaolo Cruz Bottini, que, 15 anos depois, foi contratado como advogado de Vorcaro. Logo… E joguem-se os princípios jornalísticos no lixo.
Agora, vem o caso da carona que o Ministro Dias Toffoli recebeu para assistir o jogo do Palmeiras em Lima, Peru.
No total, foram 15 pessoas em um jatinho do empresário Luiz Oswaldo Pastore. Entre as 15 pessoas, estavam Toffoli e o advogado Augusto Arruda Botelho, ex-Secretário Nacional de Justiça. Botelho é advogado do diretor de compliance do banco, Luiz Antonio Bull.
Bastou para todo tipo de ilação. A viagem foi feita dois dias depois que Toffoli ordenou sigilo nas investigações do Master.
E o que isso tem a ver com a viagem? Por acaso foi uma celebração, com 15 testemunhas a bordo, de algum acordo? Se houve acordo, seria sigiloso, reservado.
Vamos levar essa bobagem ao extremo.
O principal escritório de advocacia da Globo é a Barbosa, Müssnich, Aragão e Sergio Bermudes Advogados.
BMA foi escritório que defendeu a maracutaia da privatização da Eletrobras. Como a Globo foi totalmente a favor, significa que houve um conluio?
Por isso, em nome dos princípios básicos de jornalismo, aprendam como funcionam grandes escritórios de advocacia e parem de estabelecer ilações primárias como essas.
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