O filho do presidente dos Estados Unidos, Eric Trump, multiplicou por dez seu patrimônio desde a eleição do pai e hoje acumula cerca de US$ 400 milhões, segundo levantamento da Forbes divulgado na última quinta-feira (4).
O salto coincide com a expansão de empresas de criptomoedas estruturadas pela família nos meses que antecederam o retorno de Donald Trump à Casa Branca.
A maior parte dessa valorização decorre da entrada de Eric no mercado cripto por meio de companhias criadas ou reorganizadas pouco antes da vitória eleitoral republicana. A estratégia incluiu fusões rápidas, abertura de capital e acúmulo de ativos digitais em companhias controladas ou influenciadas pelos filhos do presidente.
O processo ocorreu em paralelo ao redesenho da política externa do governo, que ampliou a visibilidade internacional da marca Trump e abriu novas frentes comerciais.
Eric ingressou no setor em fevereiro de 2025, quando criou a American Data Centers com o irmão mais velho. Pouco mais de um mês depois, a empresa foi incorporada pela Hut 8, mineradora de Bitcoin que deu origem à American Bitcoin.
No fim de setembro, a nova companhia detinha 3.418 bitcoins avaliados em cerca de US$320 milhões, além de um valor de mercado superior a US$2 bilhões. A fatia de 7,3 por cento de Eric era estimada em US$160 milhões.
Antes de entrar no mercado de criptomoedas, Eric acumulava pouco mais de US$30 milhões em ativos líquidos, segundo a Forbes, além de imóveis adquiridos ao longo dos últimos anos. A participação de US$160 milhões na American Bitcoin representa, portanto, um salto patrimonial que não existia antes do retorno a Washington.
Mas o avanço patrimonial não se limita à mineração digital. A World Liberty Financial, empresa lançada por Donald Trump com os filhos antes da eleição de 2024, rendeu a Eric cerca de US$135 milhões em dinheiro, tokens e stablecoins.
A cifra corresponde à parcela estimada pela Forbes para a divisão entre os herdeiros, já que Trump controla 70% da participação familiar no negócio. A combinação de novos ativos consolidou Eric como principal beneficiário econômico do grupo.
A Forbes procurou o filho do presidente para comentar os valores. Ele contestou as estimativas, mas não apresentou documentos, números alternativos ou justificativas.
A ausência de explicações reforça dúvidas sobre a transparência das operações, sobretudo diante da valorização acelerada de empresas recém-criadas e da proximidade entre decisões de governo e interesses privados da família.
A articulação entre negócios e poder político tem se tornado eixo central do modelo empresarial dos Trump. Contratos de licenciamento firmados no último ano em Dubai, Arábia Saudita e Vietnã, além de acordos anunciados recentemente no Catar, Índia, Romênia e Maldivas, ampliaram a presença internacional da organização familiar em paralelo ao retorno de Donald Trump ao governo.
Parte dessas receitas é administrada por Eric, que vem se beneficiando da reativação das conexões externas do pai.