O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Rodrigo Bacellar, detalhou em depoimento à Polícia Federal as conversas que teve com o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, na véspera da operação que resultou na prisão do parlamentar. O conteúdo das declarações veio à tona após a deflagração da investigação que apura um possível vazamento de informações sigilosas. O depoimento foi inicialmente obtido pela TV Globo.
Segundo o que Bacellar relatou aos investigadores, TH Joias ligou de um telefone desconhecido para questioná-lo sobre rumores de uma ação policial. O presidente da Alerj disse ter negado qualquer conhecimento prévio e afirmou ter estranhado o contato. “Confesso que até me assustei. Achei aquilo ato de impertinência dele: me ligar de um telefone que eu não tinha.”
Os agentes da PF perguntaram por que, ao saber que o deputado retirava objetos de casa e demonstrava preocupação com uma eventual operação, Bacellar não procurou o Ministério Público, a Polícia Civil ou outra autoridade. Ele respondeu: “Não tô aqui pra entregar colega. Não tô aqui para proteger colega também que faz nada errado.”
Mensagens obtidas pela investigação mostram que, na noite anterior à operação, TH enviou a Bacellar um vídeo de um freezer cheio de carnes e reclamou que agentes poderiam “roubar as carnes”. O presidente da Alerj respondeu apenas: “Deixa, doido.” Na manhã seguinte, já com a operação em andamento, o ex-deputado encaminhou ao presidente da Alerj imagens de policiais dentro de sua casa, o que Bacellar classificou como mais um comportamento inesperado: “O cara é maluco, o cara me manda um vídeo, uma foto dos policiais lá na casa dele.”
No depoimento, o presidente da Alerj também descreveu a relação com TH Joias como estritamente institucional e afirmou que só o conheceu quando ele assumiu o mandato. Ele disse ainda que, apesar de já ter ouvido comentários sobre o histórico criminal do ex-parlamentar, isso não influenciava sua postura. “Da porta pra dentro, se você tiver bom convívio com todo mundo, o que você faz na rua não me diz respeito.”
Bacellar foi preso preventivamente sob suspeita de ter alertado TH Joias sobre a operação e orientado a destruição de provas. A PF conseguiu acessar o conteúdo do celular apreendido do presidente da Alerj, que havia se recusado a fornecer a senha. A Assembleia Legislativa deve decidir se mantém ou revoga a prisão.