Tarifaço de Trump afeta exportações de ovos brasileiros e reduz vendas para os EUA

O presidente dos EUA, Donald Trump

Desde agosto de 2025, as exportações de ovos do Brasil para os Estados Unidos enfrentam uma queda dramática após a imposição de uma tarifa de 50% por Donald Trump. A medida afetou a principal rota de exportação do produto, que já havia registrado um crescimento significativo devido à escassez de ovos nos EUA, causada por um surto de gripe aviária. A tarifa, que não foi aplicada a outros produtos, interrompeu a alta das vendas brasileiras, que chegaram a disparar no primeiro semestre do ano.

No início de 2025, os EUA eram um mercado promissor para os ovos brasileiros. Em janeiro, o Brasil exportou 220 toneladas para o país, mas esse número disparou para mais de 5.000 toneladas em junho, impulsionado pela crise da produção local de ovos nos EUA. Durante a alta, os preços nos supermercados americanos chegaram a R$ 60 por dúzia, o que fez com que as vendas brasileiras se multiplicassem em resposta à escassez e ao aumento da demanda.

Após a imposição da tarifa de 50% em agosto, as exportações para os Estados Unidos caíram drasticamente. Em outubro, o volume enviado foi reduzido a apenas 41 toneladas, uma queda de 99% em relação ao pico alcançado anteriormente. A medida afetou diretamente o comércio, desestimulando as compras do produto brasileiro, embora a alta nos primeiros meses tenha compensado parte da queda.

A crise de escassez de ovos nos Estados Unidos foi causada por um surto de gripe aviária que levou ao abate de milhões de galinhas desde 2022. Com a redução na produção local, os preços dispararam, fazendo com que supermercados vendessem ovos a preços altíssimos. A dúzia chegou a ser vendida por US$ 6,22 (cerca de R$ 33) em março de 2025. No entanto, o preço caiu para US$ 3,48 (R$ 18,48) em setembro, após a estabilização da crise.

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Para lidar com a escassez de ovos, os Estados Unidos flexibilizaram as regras de importação para permitir que ovos brasileiros fossem usados em alimentos processados, como bolos e sorvetes. Contudo, a venda de ovos in natura nos supermercados americanos permanece restrita, o que impacta diretamente as exportações brasileiras e limita o volume do produto destinado ao mercado local.

Apesar da queda nas exportações para os EUA após o tarifaço, o Brasil deve encerrar 2025 com uma alta de 116,6% nas exportações de ovos. A comparação entre janeiro e outubro de 2024 e 2025 mostra um aumento de 1.037,52% nas vendas para os Estados Unidos, impulsionado pela crise inicial e pelas mudanças nas regras de importação. Além disso, o Brasil deve superar 1% da sua produção nacional exportada este ano, consolidando-se como um player importante no mercado global de ovos.

Embora o mercado dos EUA tenha perdido força, outros destinos para os ovos brasileiros continuam a crescer. As exportações para o Japão aumentaram 230% de 2024 a 2025, enquanto as vendas para o Chile caíram 41%. A diversificação para outros mercados internacionais tem sido crucial para o Brasil, ajudando a compensar a queda nas exportações para os Estados Unidos.

A produção de ovos no Brasil deve atingir 62,25 bilhões de unidades em 2025, com projeção de 66 bilhões em 2026. O aumento da produção e a criação de uma cultura exportadora fazem com que o Brasil esteja se posicionando para dominar uma fatia crescente do mercado global de ovos. A expectativa é que, apesar das dificuldades internacionais, o Brasil continue expandindo suas exportações e consolidando sua liderança no setor.

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