Nova doutrina de segurança de Trump vê a América Latina como quintal dos EUA

O governo de Donald Trump lançou, na madrugada de 5 de dezembro de 2025, sua nova Estratégia de Segurança Nacional (NSS), um documento que formaliza uma visão perigosa e agressiva para a América Latina. A nova política, batizada de “Corolário Trump”, ressuscita a Doutrina Monroe e retoma, sem disfarces, a ideia de que o continente é o “quintal” dos Estados Unidos.

O texto deixa claro que o objetivo principal é restabelecer a hegemonia total dos EUA no hemisfério. A segurança das fronteiras americanas é elevada a “elemento primário da segurança nacional”, um pretexto para justificar ações em toda a região.

Um dos alvos centrais desta nova doutrina é a China. O documento exige que qualquer ajuda ou aliança com países latino-americanos seja “contingente à redução da influência externa adversária”, uma referência direta a Pequim.

Esta política representa uma ameaça direta às economias da região. A China é hoje a principal parceira comercial de gigantes como Brasil, Chile e Peru, com investimentos massivos em infraestrutura crítica, como o Porto de Chancay no Peru, construído com US$ 1,3 bilhão chinês e inaugurado em 2024. Pequim também está comprometida com a construção da ferrovia transoceânica de 4.400 km que ligará o litoral atlântico brasileiro ao Pacífico, permitindo ao Brasil exportar diretamente para a China e importar produtos chineses por uma nova rota estratégica.

A nova estratégia de Trump busca reverter essa realidade através de pressão e coerção. O documento fala em usar o poderio americano para garantir “oportunidades estratégicas de aquisição e investimento para empresas americanas na região”, um eufemismo para a exclusão forçada da concorrência chinesa.

O perigo não é apenas econômico, mas também militar. O Corolário Trump prevê uma expansão da presença da Guarda Costeira e da Marinha para “controlar rotas marítimas”, um sinal claro da disposição para usar a força para impor seus interesses e conter a migração.

Essa postura belicista intensifica as tensões já existentes. A asfixia econômica sobre Cuba deve aumentar, e a pressão sobre a Venezuela, já sob forte sanção, pode escalar para justificar intervenções sob o pretexto de combater o narcotráfico.

Para o Brasil e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o cenário é de imenso desafio. A política externa brasileira, que busca a multipolaridade e a cooperação Sul-Sul, entra em rota de colisão direta com a visão unipolar e dominadora de Trump.

O Itamaraty terá a difícil tarefa de navegar entre a manutenção de sua soberania e a pressão de uma superpotência que não aceita mais a presença de rivais em sua área de influência. A nova doutrina de Trump não é apenas um documento; é uma declaração de que a era da diplomacia cooperativa acabou, e a América Latina está, mais uma vez, sob a mira do “Grande Porrete”.

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