Mulheres Vivas: Brasil se levanta contra a barbárie do feminicídio

O Brasil ultrapassou, ainda em 2025, a marca de mil feminicídios — quatro mulheres assassinadas por dia — e a resposta veio das ruas. Diante de uma violência que não é acidental, mas estrutural, alimentada pelo machismo, pela impunidade e pelo desmonte de políticas públicas, movimentos feministas como a União Brasileira de Mulheres (UBM), o Levante Mulheres Vivas, entre outros, convocam atos em todo o país no próximo domingo (7). A mobilização pretende transformar indignação em ação coletiva e pressionar o Estado a cumprir seu papel de proteger a vida das mulheres.

A convocação ganha força após crimes que expuseram, mais uma vez, a brutalidade do patriarcado que rege as relações sociais no país. O assassinato de Catarina Karsten, em Florianópolis (SC), o ataque no Cefet Maracanã, no Rio de Janeiro, que tirou a vida de Allane Pedrotti e Layse Costa Pinheiro, e a violência extrema contra Tainara Souza Santos, arrastada por um quilômetro na Marginal Tietê (SP), tornaram impossível ignorar a urgência de uma resposta nacional.

“O feminicídio é uma emergência nacional, e só a luta coletiva pode virar esse cenário. No próximo ato da Mobilização Nacional contra o Feminicídio, milhares de vozes vão ocupar as ruas em todo o país para exigir políticas públicas eficazes, justiça, proteção e respeito às nossas vidas.”, afirmou a UBM nas redes sociais.

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Parlamentares também reforçam que não se trata apenas de reagir a casos isolados, mas de enfrentar um sistema que legitima a violência. Para deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a hora é de mobilização massiva. “O Brasil inteiro se levanta para denunciar o feminicídio e todas as formas de violência que tiram das mulheres o direito de viver com liberdade, respeito e segurança. […] Basta de feminicídio. Queremos as mulheres vivas!”, afirmou.

Alice Portugal (PCdoB-BA) destacou que o avanço da violência revela falhas do Estado: “Todos os dias mulheres são mortas no Brasil. Essa escalada […] evidencia a insuficiência das medidas de prevenção. As mulheres têm o direito de viver!”

Para Sâmia Bonfim (Psol-SP), a mobilização de rua é fundamental para romper com o ciclo de violência:
“Nós vamos tomar as ruas para dizer um basta à violência contra as mulheres. […] Nós não suportamos mais.” Em Brasília, o chamado foi reforçado pela deputada Érika Kokay (PT-DF). “Traga sua voz, sua força, sua revolta. Por nós, pelas que vieram antes e pelas que precisam viver”, afirmou.

Lula anuncia ‘movimento dos homens’

O presidente Lula (PT) reforçou que o enfrentamento à violência exige compromisso político e mudança cultural, inclusive entre os homens. “O vagabundo que bate em mulher não precisa votar no Lula para presidente”, afirmou, criticando explicitamente a complacência social com agressores.

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Durante cerimônia em Fortaleza, ‘anunciou que pretende liderar uma mobilização masculina pelo fim da violência de gênero. “Eu, Luiz Inácio Lula da Silva, 80 anos de idade, vou liderar o movimento dos homens que prestam nesse País, para defender as mulheres brasileiras. Não só as nossas, mas as mães deles, as filhas, as noras, todas”. Para ele, é preciso reconhecer a responsabilidade masculina: “A luta contra o feminicídio tem que ser nossa. Nós somos a parte violenta da sociedade”.

Violência estrutural e omissão social

Os dados mostram que a violência é sistêmica. A Pesquisa Nacional de Violência Contra a Mulher (DataSenado, 2025) indica que 3,7 milhões de brasileiras sofreram violência doméstica neste ano. Em 40% desses casos, havia testemunhas adultas presentes que não prestaram qualquer ajuda — um retrato da naturalização da violência e da cumplicidade social que mantém o ciclo de agressões.

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Os atos também terão intervenções artísticas, leitura de manifestos e homenagens às vítimas, reforçando que lutar por políticas públicas é também honrar cada vida interrompida pela violência de gênero. Entre as principais reivindicações nacionais estão delegacias da mulher 24h, casas-abrigo, medidas protetivas ágeis, proteção às crianças, autonomia emergencial para mulheres em risco, paridade no poder público e enfrentamento da violência digital.

A mobilização se espalha por todas as regiões do país — do Masp à Torre de TV, de Belém a Porto Alegre — afirmando que o Brasil não aceitará mais que mulheres sigam morrendo enquanto o Estado se omite.

Confira a agenda nacional do atos Levante Mulheres Vivas

  • Região Sudeste – 07/12 (domingo)

São Paulo
Araraquara/SP – Praça Santa Cruz – 9h
Bauru/SP – Delegacia da PF – 9h30
Botucatu/SP – Praça da Pinacoteca – 10h
Campinas/SP – Estação Cultura – 9h
Ilhabela/SP – Praça Elvira Estoraci – 16h
Ribeirão Preto/SP – mais informações em breve
São Paulo/SP – MASP (Vão Livre) – 14h
Santos/SP – Praça das Bandeiras – 10h
São José dos Campos/SP – Largo São Benedito – 15h
São José do Rio Preto/SP – Praça Rui Barbosa – 9h
Sorocaba/SP – Parque das Águas – 10h
Ubatuba/SP – Pista de Skate – 11h

Minas Gerais
Belo Horizonte/MG – Praça Raul Soares – 11h
Cambuquira/MG – Praça da Biblioteca – 10h
Cataguases/MG – Praça Santa Rita – 10h
Divinópolis/MG – Praça do Planalto – 8h30
Juiz de Fora/MG – Escadaria da Câmara – 15h
Perdões/MG – Praça da Matriz – 14h
Poços de Caldas/MG – Parque da Zona Sul – 15h
Pouso Alegre/MG – Praça Senador José Bento – 11h
Sete Lagoas/MG – Lagoa Boa Vista – 10h
Santa Rita do Sapucaí/MG – Pracinha da Câmara – 10h
São João del Rei/MG – Sinal da Leite de Castro com Frei Cândido – 14h
Tiradentes/MG – Largo do Rosário – 17h
Uberaba/MG – Concha – 14h
Uberlândia/MG – Av. Monsenhor Eduardo, esquina com Rua Buriti Alegre – 10h

Rio de Janeiro
Rio de Janeiro – Copacabana (Posto 5) – 14h

Espírito Santo
Vitória – Praia de Camburi – 15h

  • Região Nordeste – 07/12 (domingo)

São Luís/MA – Praça Igreja do Carmo – 9h
Parnaíba/PI – Parnaíba Shopping – 16h
Teresina/PI – Praça Pedro II – 17h
Fortaleza/CE – Estátua Iracema Guardiã – 16h
Natal/RN – Mercado da Redinha – 9h
Maceió/AL – Praça Sete Coqueiros – 15h
Recife/PE – Rua da Aurora, Ginásio Pernambucano – 14h
Vitória da Conquista/BA – Feirinha do Bairro Brasil – 9h
Arraial d’Ajuda/BA – Praça do Santiago – 9h
Aracaju/SE – Arcos da Orla – 8h30
João Pessoa/PB – Busto de Tamandaré – 15h

Salvador/BA – 14/12 (sábado)
Barra (Cristo ao Farol) – 10h

  • Região Centro-Oeste

06/12 (sábado)
Cuiabá/MS – Praça Santos Dumont – 14h

07/12 (domingo)
Brasília e Entorno/DF – Feira da Torre de TV – 10h
Campo Grande/MS – Av. Afonso Pena – 9h
Paranaíba/MS – Feira da Praça da República – 8h
Goiânia/GO – Praça Universitária – 15h

  • Região Sul

06/12 (sábado)
Porto Alegre/RS – Praça da Matriz – 17h
Joinville/SC – Praça da Bailarina – 14h

07/12 (domingo)
Florianópolis/SC – Cabeceira da Ponte Hercílio Luz – 13h
Chapecó/SC – Praça Coronel Bertaso – 14h
Garopaba/SC – Café Mormaii – 9h
Itajaí/SC – Praça da Beira Rio – 14h
Curitiba/PR – Praça João Cândido (Largo da Ordem) – 10h

13/12 (sábado)
Santa Maria/RS – Praça Saldanha Marinho – 9h

  • Região Norte

06/12 (sábado)
Belém/PA – Boulevard Gastronomia – 8h

07/12 (domingo)
Marabá/PA – Praça da Marabá Pioneira – 18h
Manaus/AM – Praça do Congresso – 17h
Boa Vista/RR – Tribuna em frente à ALE-RR – 16h30
Palmas/TO – Feira do Bosque – 17h
Parintins/AM – Catedral (Centro) – 16h30

10/12 (quarta-feira)
Santarém/PA – Praça Tiradentes – 17h30

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com agências

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