Com boné do MST, Maduro pede apoio do Brasil contra escalada dos EUA

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta quinta-feira (4) que brasileiros se mobilizem em defesa da soberania venezuelana, em meio ao avanço da operação militar dos Estados Unidos no Caribe. 

O apelo foi feito durante o programa Con Maduro de Repente, no qual o líder recebeu de um convidado um boné do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e segurou o símbolo enquanto falava em “unidade dos povos”.

“A luta continua. A vitória nos pertence. Viva a unidade do povo do Brasil, viva a unidade com o povo venezuelano”, disse Maduro. 

O presidente venezuelano agradeceur a solidariedade de movimentos sociais e afirmou que a Venezuela enfrenta uma ofensiva que combina pressão diplomática, operações militares e acusações de narcotráfico formuladas pelo governo Donald Trump. 

O republicano enviou navios de guerra, caças e um porta-aviões à região nas últimas semanas, ampliando tensões e provocando alerta em países do Sul Global.

O gesto do MST foi recebido em Caracas como demonstração de laços históricos entre organizações populares da América Latina e como sinal da solidariedade construída em torno da defesa da soberania regional. 

No pronunciamento, Maduro indicou que pretende transformar essa conexão política em mobilização continental contra o que chama de “ameaça externa”, reforçando a leitura de que a pressão norte-americana se estende para além do território venezuelano.

A escalada militar promovida por Washington elevou o risco de novos confrontos no Caribe, mas expôs a fragilidade do discurso antidrogas utilizado pela Casa Branca como justificativa para a operação. 

As forças norte-americanos já contabilizam ao menos 83 mortos em ataques classificados como ações contra o narcotráfico, mas nenhuma evidência pública foi apresentada para comprovar que as vítimas pertenciam a cartéis. 

A ausência de provas transformou a narrativa oficial em instrumento político para sustentar uma ofensiva que avança sem transparência e sem respaldo internacional.

O envio do porta-aviões Gerald Ford e de caças F-35 reorganizou o tabuleiro geopolítico da região e reacendeu o debate sobre violações à soberania de países latino-americanos, que passaram a denunciar o avanço unilateral dos Estados Unidos.

Maduro declarou que Caracas só recorrerá às armas em defesa própria. Para ele, qualquer enfrentamento terá caráter exclusivamente defensivo, expressão utilizada para reforçar a posição oficial de que a Venezuela não pretende iniciar um conflito. 

“Se a luta armada for necessária, será para lutar pela paz, pela soberania, pela nossa pátria”, afirmou. O presidente também destacou o apoio público da China, que reconheceu o direito da Venezuela de exercer plena soberania sobre seu território.

Em paralelo à mobilização interna, o governo venezuelano denunciou a inclusão do suposto Cartel de los Soles na lista de organizações terroristas dos Estados Unidos. A medida foi interpretada como parte da estratégia de criminalização de autoridades venezuelanas e de preparação de terreno para justificar ações militares. 

Caracas sustenta que o cartel é uma invenção de Washington e acusa Trump de tentar promover uma mudança de regime no país, retomando a política adotada em 2019 e agora reforçada sob pretexto antidrogas.

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