Igor Carvalho de Lima
Em praticamente todas as áreas de atuação profissional recomenda-se calma e ponderação, tomar decisões com base na análise de possíveis cenários, tentando minimizar os riscos. No entanto, a política nacional parece não conseguir tal tranquilidade.
Começando pelo Nordeste brasileiro, região estratégica, todos os estados somados representam 28% do eleitorado nacional e vem decidindo eleições com vultuosas diferenças a favor da esquerda. Lá, bem no Ceará, um estado que exporta mentes brilhantes para o ITA e outras universidades de renome, temos o desesperado Ciro Gomes (foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil), o favorito no pleito presidencial de 2002 que culminou com a primeira vitória do Lula. Depois disso, várias participações no PDT de Brizola, que passou de um dos expoentes da esquerda para um centro-esquerda. Em pleno 2025 o ex-marido da Patrícia Pilar anuncia uma aliança com o PL, depois de brigar com todos da esquerda, inclusive seu irmão Cid Gomes. Trata-se de uma tentativa kamikase de tirar o PT do poder do governo cearense. E do outro lado desencadeia uma crise familiar e partidária tendo como pivô Michelle Bolsonaro. Aliás, o patriarca acaba de ser preso e filhos, esposa e correligionários começam o desentendimento sem nenhuma calma ou reflexão.
Descendo para o Sudeste com seus 43% de parcela no eleitorado do país, só São Paulo parece ter uma situação tranquila com a reeleição de Tarcísio de Freitas ou a eleição do seu indicado. No Rio, Cláudio Castro teve que jogar uma bomba para ficar em evidência e ser um player representativo indicando alguém para o seu lugar e tentando a segunda vaga para o senado. Já nas alterosas, Simões subiu um degrau se filiando ao PSD e estagnou. Vale lembrar que a campanha hoje tem ligeiros 45 dias, pouco para se tornar conhecido e competitivo. E o principal atributo dele e do atual governador pode estar ameaçado. A idoneidade dos representantes do NOVO vai ser questionada na CPI do INSS. Romeu Zema acaba de ser convocado para esclarecimentos sobre operações de empréstimos para aposentados de sua financeira. No mesmo “balaio” de Daniel Vorcaro, dono do banco Master e o usuário de tornozeleira eletrônica. Rodrigo Pacheco continua desorientado, sem legenda e sem cadeira no STF. O outro Jorge Messias, escolhido pelo presidente, corre o risco de ser reprovado na sabatina dos Senadores.
Enfim, o ano eleitoral nem começou. Agora vem as festas de fim de ano, férias de janeiro, carnaval, águas de março fechando o verão e em abril um momento decisivo de filiação, desvinculação de cargos do executivo. Será que isso tudo vai ocorrer de forma tranquila ou vamos ver a porta dos desesperados se abrindo?
Igor Carvalho de Lima – Dono do Instituto Viva Voz, mestre em administração mercadológica e marketing, com especialização no comportamento do consumidor e do eleitor.