Ativista marroquino no Brasil recebe ameaça sexualizada

Apresentou o presidente do Movimento Progressista Marroquino, Driss Mrani, ontem, uma denúncia oficial à polícia da capital brasileira após receber graves ameaças digitais. Segundo o que Mrani afirmou no registro policial, as mensagens continham a frase “a garrafa de vidro atrás de você”, que ele considera uma ameaça direta de violência sexual. Mrani — assumindo total responsabilidade por suas declarações — afirma que essa expressão carrega um significado específico para todos os marroquinos, não apenas para ele, pois a história política do Marrocos é marcada por depoimentos e evidências indicando que muitos opositores políticos e antigos detentos no país teriam sido submetidos, durante interrogatórios, a agressões sexuais com garrafas de vidro por elementos dos serviços de inteligência marroquinos, conforme relataram.

Mrani acrescenta que esse tipo de ameaça o persegue há anos e que — apesar de ter fugido do Marrocos e pedido asilo político em países da América do Sul — continua recebendo o mesmo padrão de intimidações brutais. Ele afirma também que já havia apresentado queixas semelhantes perante a Justiça argentina durante o período em que residiu naquele país, relacionadas ao mesmo tipo de ameaças que hoje enfrenta no Brasil. Mrani recorda ainda que chegou a abrir anteriormente uma petição de apoio contra o sistema marroquino, apresentada às autoridades judiciais argentinas para resolver esse conflito, e que recebeu mais de 5.000 assinaturas, o que reflete o reconhecimento dos marroquinos sobre a seriedade de suas declarações. Abaixo, serão apresentados elementos que comprovam isso.

De acordo com Mrani, a recorrência desse tipo de mensagem o levou a recorrer novamente às autoridades brasileiras — as mesmas às quais buscou proteção no ano passado devido a ameaças semelhantes. A diferença, segundo ele, é que aquelas teriam sido cometidas por marroquinos residentes no Brasil. No entanto, o caso nunca foi solucionado pelas autoridades brasileiras, e tanto Mrani quanto o Movimento Progressista Marroquino esperam que a Justiça do Brasil finalmente julgue o processo, especialmente porque o objetivo das ameaças, é silenciar vozes marroquinas opositoras à monarquia marroquina a partir do território brasileiro, algo que está documentado e já foi entregue à polícia. Mrani considera que o conteúdo das novas ameaças compromete sua integridade física e psicológica e visa calar sua atuação política e de direitos humanos, além de representar uma falta de respeito à soberania brasileira.

Após o registro do boletim, o Movimento Progressista Marroquino divulgou uma nota oficial condenando firmemente as ameaças dirigidas ao seu presidente. O comunicado destacou que as mensagens continham insinuações consideradas extremamente graves pela organização, reafirmando seu total apoio ao presidente e sua plena cooperação com as autoridades brasileiras.

Até o momento, a polícia civil não emitiu qualquer esclarecimento sobre a identidade dos autores das mensagens ou os possíveis motivos por trás das ameaças. Espera-se que os órgãos competentes analisem o material digital fornecido por Driss Mrani, que inclui cópias das mensagens recebidas.

O Movimento Progressista Marroquino afirmou que acompanhará o caso de perto até que os responsáveis sejam identificados, enquanto seu presidente, Driss Mrani, reforçou que continuará sua atuação, afirmando que essas ameaças “não o impedirão de prosseguir com seu trabalho político e de direitos humanos”. Ele acrescentou ainda que essas práticas se somam ao fato de estar privado, há mais de um ano e meio, de obter sua Carteira Nacional de Identidade marroquina, apesar de ter realizado todos os procedimentos legais como qualquer cidadão na embaixada do Marrocos em Brasília e de ter pago as taxas correspondentes. Segundo ele, até o momento a embaixada se recusa a entregar seus documentos, o que também o impede de obter um passaporte para exercer suas funções como presidente do movimento. Pior ainda — afirma — trata-se de negar a um cidadão o direito de viajar, além de representar o não cumprimento, por parte da embaixada marroquina, de suas obrigações consulares com seus nacionais marroquinos, em violação aos artigos 5(a) e 5(b) da Convenção de Viena de 1963.

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