Não há ‘oportunidade’ na ditadura dos bancos

No artigo Que tipo de desigualdade podemos tolerar?, o articulista identitário Michael França, que outrora esperneou com a indicação de uma pessoa branca para o Supremo Tribunal Federal (STF), agora apareceu advogando uma versão disfarçada da tese neoliberal e criminosa da “desigualdade justa” — aquela segundo a qual a desigualdade seria aceitável por ser fruto de “esforço e escolhas” individuais.

Esta é a mentira mais hipócrita que o capitalismo tenta vender. A desigualdade não é o resultado de uma falha ética ou de escolhas ruins, mas sim o produto direto de uma ditadura de classe, onde a burguesia impõe seus interesses sobre a população. Quem nasce pobre, morre pobre. Quem nasce miserável, morre ainda mais pobre. E quem nasce rico, talvez morra mais pobre, porque a tendência do capitalismo é concentrar o capital na mão de um número cada vez menor de pessoas.

O regime capitalista após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) já era bastante rígido no que diz respeito à mobilidade social. No entanto, ele se encontra em uma fase muito pior. O capitalismo não se recuperou da crise de 2008 e agora enfrenta uma crise militar e de dominação sem precedentes. Vários países e povos estão se rebelando contra a dominação imperialista: Rússia, China, Irã, o levante na Palestina e diversos golpes nacionalistas na África.

Quando o sistema capitalista entra em crise, as leis sociais se tornam ainda mais brutais. Os capitalistas não diminuem seus lucros; eles vêm com mais vigor para cima da população para reverter a crise. É o momento da intensificação da exploração para garantir a sobrevivência do imperialismo.

Na atual etapa, o problema não é apenas que um operário vai ter dificuldade para se tornar o executivo da empresa em que trabalha. O problema é que a esmagadora maioria da humanidade está condenada à fome e ao desemprego crônico. Com o avanço da crise, um simples atendimento médico pode se tornar um artigo de luxo. O capitalismo, em sua fase final, se tornou um sistema monstruoso, que obstrui qualquer via para a dignidade humana.

O autor neoliberal tenta enganar reconhecendo que a “igualdade de oportunidades” é inviável, pois “o lugar em que a pessoa nasce continua associado à qualidade da escola, à estabilidade da renda.” Mas, após reconhecer a farsa do berço, ele insiste em sua covardia: “precisamos avançar para um país em que o destino dependa menos do berço e mais das escolhas e esforços de cada pessoa”.

Isto é um escárnio. O destino da população trabalhadora não será alterado por mais “escolhas” ou “esforços” dentro de uma ditadura. A desigualdade não é um problema de gestão, é um problema de classe. Neste sentido, a solução não é de ordem ética, de “arrependimento” ou de “oportunidades”. Ela só virá com a derrubada da ditadura do capital financeiro e imperialista.

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