Boato – O ministro Dias Toffoli teria entregue ao FBI 47 horas de gravações secretas onde Alexandre de Moraes confessa que a “ordem é prender Bolsonaro antes das eleições de 2026”.
Análise
Mensagens de teor explosivo, que alegam uma “traição histórica” dentro do Supremo Tribunal Federal (STF), começaram a circular intensamente nas redes sociais. O conteúdo sugere um cenário de implosão institucional, onde o ministro Dias Toffoli teria se tornado uma espécie de “testemunha protegida dos EUA” após entregar 47 horas de gravações secretas de seu colega, Alexandre de Moraes, diretamente ao FBI e a Donald Trump.
O foco principal da suposta delação seria uma confissão de Moraes de que a “ordem é prender Bolsonaro antes das eleições de 2026”, além de admitir que a prisão do ex-presidente seria de natureza política e a censura coordenada seria inconstitucional.
O material detalha 16 “revelações” da tal traição, mencionando pânico entre os ministros, uso das provas por Trump e a libertação iminente de Bolsonaro. Leia mensagem e trechos da transcrição:
TOFFOLI ENTREGA GRAVAÇÃO ONDE MORAES DIZ “A ORDEM É PRENDER BOLSONARO ANTES DAS ELEIÇÕES DE 2026” TRAIÇÃO HISTÓRICA! Dias Toffoli entregou 47 HORAS de gravações secretas de Moraes ao FBI! Provas devastadoras! Admissões explícitas! Prisão de Bolsonaro foi política! Censura coordenada confessada! Maior traição da história do STF!
16 REVELAÇÕES DA TRAIÇÃO EXPLOSIVA: FBI ofereceu imunidade total a Toffoli 47 horas de gravações entregues em pen drive Moraes admite prisão de Bolsonaro foi política “Vamos construir fundamentação depois” Confissão explícita de censura inconstitucional “Quem vai questionar? Nós somos o Supremo” Admissões de pressão de atores internacionais Combinação de votos antes de análise Moraes descobriu traição e entrou em colapso Ligação final: “Cada um por si, Alexandre” Trump vai usar como prova internacional Outros ministros em pânico total Trechos já vazaram para imprensa Toffoli virou testemunha protegida dos EUA Bolsonaro será libertado com base nas gravações Precedente: quem mais está gravando tudo?
Checagem
Para verificar a veracidade de uma alegação tão grave e com potencial de crise institucional, buscamos informações sobre a suposta entrega de gravações ao FBI, a existência de confissões de Alexandre de Moraes sobre a prisão de Bolsonaro e se o canal de YouTube que divulgou a informação é uma fonte confiável. A seguir, detalhamos a apuração que responde às perguntas: 1) Toffoli entrega gravação de Moraes dizendo que “ordem é prender Bolsonaro”?, 2) Como foi feito o conteúdo que aponta que Toffoli entregou uma gravação de Moraes falando em prender Bolsonaro? 3) Há fake news da mesma fonte?
Toffoli entrega gravação de Moraes dizendo que “ordem é prender Bolsonaro”?
Não há absolutamente nenhuma informação em fontes confiáveis ou na imprensa tradicional que sustente a alegação de que o ministro Dias Toffoli tenha entregado gravações secretas de Alexandre de Moraes ao FBI, a Donald Trump ou a qualquer outra entidade.
Uma denúncia desse porte, envolvendo uma “traição histórica” e a confissão de planos para prender um ex-presidente, seria notícia de primeira página nos principais veículos de comunicação do Brasil e do mundo, o que não ocorreu. A ausência de qualquer prova, nota oficial ou reportagem investigativa que mencione o suposto pen drive com 47 horas de áudios é o primeiro e mais contundente indicativo de que a história é infundada.
Como foi feito o conteúdo que aponta que Toffoli entregou uma gravação de Moraes falando em prender Bolsonaro?
O segundo indício está na forma que a história foi feita. O conteúdo que aponta a suposta traição foi veiculado por um vídeo longo em um canal do YouTube conhecido por ser uma fonte contumaz de desinformação com pautas alinhadas a apoiadores de Jair Bolsonaro.
De acordo com o que foi apurado, o vídeo é apresentado por um avatar criado por IA que simula um jornalista investigativo, uma tática comumente utilizada para conferir uma falsa credibilidade à narrativa. Canais que utilizam avatares ou narradores robóticos, sem identificar o responsável pelo conteúdo, são frequentemente usados para disseminar boatos e teorias da conspiração, aproveitando-se do anonimato para evitar responsabilização pela divulgação de conteúdo inverídico.
Há fake news da mesma fonte?
Sim. A fonte original do boato – o canal do YouTube que o disseminou – tem um histórico consistente de divulgação de conteúdo comprovadamente falso sobre a Suprema Corte e figuras políticas brasileiras. Nossa base de dados e checagens anteriores confirmam que a mesma fonte já esteve envolvida na criação de outras narrativas enganosas.
Dentre os exemplos de boatos já desmentidos que tiveram origem ou foram amplificados por essa fonte, estão alegações de que: Moraes teria impedido a aposentadoria de Cármen Lúcia no STF (leia mais), que Fux teria exposto ilegalidades de Moraes e anulado julgamento de Bolsonaro (confira a checagem), ou até mesmo que a ONU teria criado um tribunal para julgar Moraes. Esse padrão de reincidência é um forte elemento para classificar o novo conteúdo como uma peça de desinformação.
Conclusão
A história de que o ministro Dias Toffoli teria entregado 47 horas de gravações secretas de Alexandre de Moraes ao FBI, onde Moraes confessa um plano para prender Bolsonaro antes das eleições de 2026, é falsa. A alegação não possui qualquer respaldo em veículos de comunicação confiáveis ou em fontes oficiais.
Trata-se de uma narrativa sensacionalista e sem provas que foi veiculada por um canal do YouTube com um longo histórico de espalhar desinformação política sobre o Supremo Tribunal Federal. O conteúdo, que usa termos como “traição histórica” e “implosão total do STF” para atrair cliques, é mais um exemplo de boato que busca descredibilizar a mais alta corte do país.
Fake news ❌
Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo e-mail [email protected] e WhatsApp (link aqui: https://wa.me/556192755610)