A remuneração da assessora parlamentar Adna dos Anjos Cajueiro, lotada no gabinete do senador Jorge Seif (PL-SC) desde 2023, ultrapassou em dois anos a maior parte dos salários pagos a chefes de Executivos estaduais no país. Com vencimentos atuais de R$ 31,2 mil, ela ganha mais do que oito governadores brasileiros, segundo levantamento feito pelo Metrópoles, que revelou o caso.
Apesar do salário elevado e das sucessivas promoções, servidores do próprio gabinete afirmaram não conhecer Adna quando a reportagem tentou localizá-la em Brasília. Ela foi nomeada em outubro de 2023 com salário inicial de R$ 2.153,30. A partir daí, recebeu aumentos contínuos até atingir R$ 31.279,53, segundo a folha de setembro disponível no Portal da Transparência do Senado.
Os reajustes ocorreram de maneira acelerada. Entre fevereiro e março de 2025, por exemplo, sua remuneração saltou de R$ 5.029,73 para R$ 24.720,67 — quase cinco vezes mais de um mês para o outro.
Antes da nomeação, Adna trabalhava como diarista. Em agosto deste ano, ao ser procurada para prestar serviços de faxina, ela respondeu que tinha um “emprego fixo na Asa Sul”, sem mencionar que estava lotada há quase dois anos no Senado.
Com os atuais R$ 31,2 mil, Adna recebe mais do que oito governadores, entre eles:
- Fátima Bezerra (PT-RN) – R$ 21.914,76
- Cláudio Castro (PL-RJ) – R$ 21.868,14
- Elmano de Freitas (PT-CE) – R$ 23.893,79
- Jorginho Mello (PL-SC) – R$ 25.322,25
- Ibaneis Rocha (MDB-DF) – R$ 29.951,94
- Ronaldo Caiado (União-GO) – R$ 30.585,01
- Paulo Dantas (MDB-AL) – R$ 30.833,91
- Wanderlei Barbosa (Republicanos-TO) – R$ 31.216,71
A remuneração de governadores no país varia de R$ 21,8 mil (Rio de Janeiro) a R$ 44 mil (Sergipe). Em alguns estados, como Pernambuco, o chefe do Executivo opta por receber salário da carreira de origem — caso da governadora Raquel Lyra (PSDB), procuradora do Estado, que recebe R$ 44.674,68.
Além do salário no gabinete de Seif, Adna abriu em julho o CNPJ de uma loja de roupas, o Atacadão Goiano, na Feira dos Goianos, em Taguatinga (DF). Em redes sociais, publicava vídeos e fotos dos produtos à venda.
Após ser procurada pela reportagem, ela solicitou baixa do registro. O CNPJ foi encerrado na terça-feira (2/12).